4 de julho de 2017

John Frusciante: Guerra e paz - Março de 2014


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Há uma batalha sendo travada na mente de John Frusciante. Em seu mundo musical de justaposições e união de gêneros, a tradicional relação com o interessante e as equações matemáticas de alguma forma se transformam em expressões de feeling. A guitarra será sempre um instrumento padrão para o ex-Red Hot Chili Peppers, mas suas novas armas escolhidas são máquinas. “O Roland MC-202 [um sintetizador/sequenciador dos anos 80] é um dos meus instrumentos favoritos”, diz ele. “O mesmo vale para drum machines, samplers, o computador e outros sintetizadores”. 

Para Frusciante, o recurso principal desses instrumentos é que uma vez que você aprende a manipulá-los, você pode produzir todos os tipos de sons instrumentais instantaneamente. Na verdade, Frusciante tem seis MC-202s, que ele usa em várias combinações para transformar partes de guitarra em partes de sintetizadores. Com múltiplas máquinas, ele pode manipular cada única corda de guitarra por máquina e então, incessantemente, refinar o som de cada corda.

“Neste momento eu sou tão fluente em programação quanto sou na guitarra”, diz ele. "Desde que aprendi essa linguagem e comecei a integrá-la com as minhas tendências naturais como músico, às vezes é como se eu fosse um comandante em uma guerra. É como se houvessem merdas fodidas acontecendo e eu tenho que consertá-las. Existem dois lados discutindo: um lado tem que ganhar e um lado tem que perder. Um lado tem que ser capturado e escravizado pelo outro lado. De certa forma, isso provavelmente não é muito diferente de um jogo de guerra num videogame. Eu lia livros sobre temas como guerra porque eles me lembravam de como eu penso quando faço música”.

Frusciante enfatiza o fato de que os instrumentos programados são “obedientes à mente” – o instrumento mais importante para um compositor. Ele agora sente que não existem obstáculos físicos entre a música em sua imaginação e os sons que ele cria. Ele diz que está igualmente inspirado por compositores clássicos do século XX, como Igor Stravinsky e Iannis Xenakis e por experimentalistas eletrônicos mais recentes como Tom “Squarepusher” Jenkinson, que é ao mesmo tempo um virtuoso baixista clássico e um mestre em programação.

Frusciante diz que foi introduzido à música eletrônica quando formou o Speead Dealer Moms, um grupo de “experimental acid house”, com os amigos Aaron Funk e Chris McDonald. Seis anos depois, Frusciante lança Enclosure, seu 11º álbum solo (NUF: na verdade é o 18º, provavelmente a revista não contou EPs, a soundtrack de The Brown Bunny e o Sphere, por ser uma parceria com Josh Klinghoffer), que depende fortemente de programação. Ele vê isso como um avanço musical pessoal, um casamento de complexas composições de guitarra e o conhecimento de música eletrônica que ele adquiriu durante a criação de álbuns anteriores, como The Empyrean e PBX Funicular Intaglio Zone.

“É muito legal ser um músico”, diz o produtivo Frusciante. Ele conta à Premier Guitar por que se sente tão forte sobre isso, enquanto candidamente descreve seu recente processo de criação de música.



ENTREVISTA

Você pode nos dizer como você se apaixonou por guitarra e por que queria tocar?

"Quando eu era criança, parecia claro que se eu aprendesse a tocar um instrumento, eu seria capaz de tocar a música que eu ouvia na minha cabeça, música que eu nunca tinha ouvido no mundo real. Meus pais não me dariam uma guitarra, no entanto. Tentei começar a tocar quando tinha 7 anos, mas eu achava o violão chato – não era o som que eu queria ouvir. Eu consegui arrumar uma guitarra com 12 anos. Para um garoto em Santa Monica, Led Zeppelin e Kiss eram as grandes coisas. Eu ouvia Jimmy Page e queria saber como as mãos de uma pessoa poderiam fazer aqueles sons. Guitarra para mim sempre foi sobre o som do instrumento, não sobre a física dele. A física é apenas uma coisa entre a sua imaginação e o som que sai."


A expressão é a mesma para você em todos os instrumentos? Ou a guitarra é uma ferramenta especial?

"A guitarra é a melhor maneira para eu estudar a música de outras pessoas. Desde que comecei a tocar, provavelmente já passei mais tempo ouvindo e aprendendo discos do que fazendo qualquer outra atividade na vida. Fazer isso tem muitos valores, entre eles a capacidade de pensar sobre música em termos intelectuais. Não só de ouvir o que você gosta e desfruta, mas analisar e entrar na cabeça das pessoas que tocaram ou escreveram. Eu gosto de aprender todas as partes de uma música, então realmente sei o motivo de sentir o que sinto na melhor forma que minha mente é capaz de compreender. Eu gosto de tocar uma das partes, mas ser capaz de visualizar o resto das partes e pensar sobre sua relação com as outras em termos de intervalos e espaços rítmicos."


Em uma declaração anexada ao seu EP Outsides, você disse: “O rock é música eletrônica”. O que você quis dizer?

"Músicos tradicionais tem esse preconceito de que se alguém não está fazendo fisicamente algo que você pode ver, então esse alguém não é um músico legítimo. Isso é apenas ignorância. Nos anos 1500, 1600, 1700, ou 1800, quem estava no topo da hierarquia musical eram compositores. E os compositores não estavam fazendo nada que as pessoas ficassem de boca aberta – eles pensavam a música em suas mentes e tinham ferramentas à disposição para criá-la, sendo o mais poderoso instrumento a notação musical. Instrumentistas serviam para o prazer do compositor. Eles não eram como guitarristas de hoje. Um grande violinista era alguém que executava a música de grandes compositores, e se ele se destacasse por ter uma técnica particularmente expressiva, ele podia se apresentar em um concerto ou algo assim. Músicos tradicionais se perdem em pensar que a física de um instrumento tem algum valor inerente em si mesmo."


Você é um guitarrista talentoso tecnicamente – mas você diria que é mais um guitarrista “clássico”?

"Quando eu estava crescendo, eu tive um professor de guitarra que me disse isso, porque eu não conseguia dedilhar todas as notas das escalas rapidamente, que eu não era um bom guitarrista. Eu acho que essa atitude é errada. Primeiro, eu não acho que dedilhar cada nota soa muito bem. Sei, por pegar alguns samples, que o início de uma nota de violão é o som do dedilhado, e que isso dura um bom tempo. Se você dedilhar todas as notas e tocar muito rápido, você ouvirá o que as pessoas gostam no som de Yngwie [Malmsteen]. Eu adoro ouvir Yngwie tocando, mas dedilhar cada nota não é o melhor som de todos, porque você ouve mais um ataque de dedos do que o som da nota. Allan Holdsworth não dedilha cada nota, e eu considero essa uma forma mais expressiva para se tocar rápido. Há mais variedade de tons. Há mais espaço para expressão. Nos anos 80, os guitarristas pensavam que tocar de forma limpa, ou dedilhar cada nota rápido, ou fazer um monte de truques extravagantes, os tornariam bons guitarristas. Tocar guitarra se perdeu nessa estrada em certo momento. Não é como se ser estudioso e praticante não fossem vantagens para um guitarrista – isso é! Mas os objetivos são visualizar o instrumento claramente em sua mente, produzir música bonita, e expressar algo.

Lembro-me de quando fiz a transição para seguir meu coração: Eu estava ouvindo o solo de “Sympathy for the Devil” dos Rolling Stones e pensei: “Esse estilo de tocar é bom”. De nenhuma maneira algo de Steve Vai seria melhor apenas porque ele faz as coisas mais extravagantes do mundo ou porque seus músculos são mais fortes. Aquela música que saía daquela guitarra era tão boa como a música pode ser. O álbum Marquee Moon do Television me deu uma sensação similar. Eles não eram guitarristas particularmente musculares, mas é um disco muito orientado para a guitarra. Há muitos solos e a música é linda. Percebi que eu não tinha que colocar tanta intenção quando eu tocava, e que eu não precisava impressionar o ouvinte com um ponto focal da minha prática e performance. Essa é a razão de eu tocar da maneira que fiz no Blood Sugar Sex Magik e no meu primeiro álbum solo. Eu especificamente não estava tentando ser impressionante, mas sim comandando a relação entre minha imaginação e o instrumento."


Como você conceitualmente selecionou as músicas para Enclosure?

"Meu objetivo não era caracterizar minhas músicas, mas usá-las como um lugar para me expressar musicalmente e ritmicamente, com a bateria como instrumento principal – mais do que a melodia. Essa é realmente a mudança que vem ocorrendo nos últimos 30 anos nas formas eletrônicas de música. A batida foi para o topo da hierarquia de elementos musicais e típicas mudanças de acordes ou outros elementos não são uma necessidade na criação da música. De certa forma eu posso ir mais longe com uma canção do que eu seria capaz de ir sem uma. Por exemplo, as coisas que fiz sampleando solos de bateria de jazz, fazendo batidas em sincronia com a música em certos momentos e fora de sincronia em outros. Eu nunca ouvi alguém indo tão longe com samples e recortes de batidas fora de sincronia."


Como em “Crowded”?

"Sim, com certeza. Estou particularmente estou orgulhoso dessa canção. Me senti como se tivesse atingido o meu ápice."

Estúdio de Frusciante atualmente

Algumas dessas batidas parecem som ao vivo. São?

"Não, elas são breakbeats sampleadas, onde você pega uma gravação de algo parecido com a famosa “Amen Break” e a recorta em quantas partes for possível. É como cortar tape, só você é capaz de cortar com tanta precisão. Reorganizando a ordem, alterando a velocidade, mudando o som – é uma área de expressão absolutamente igual a tocar um instrumento. Compositores nunca tiveram a oportunidade de ser tão detalhados com o ritmo. As pessoas que trabalhavam com tape nunca puderam editar com tal precisão rítmica. É uma coisa incrível de se fazer. Meu Deus, se eu soubesse como fazer isso quando era adolescente, eu teria sido tão feliz!"


Mas provavelmente não é fácil todos entenderem isso! Parece complexo.

"É como qualquer outra coisa: Você pratica por cerca de cinco anos e não é difícil mais. Sua mente começa a formar um senso de groove. Para um músico tradicional, o groove é algo que você sente, não algo que você pensa. Cara, a luta que as pessoas tem sobre como ensinar as pessoas a ter um melhor groove – é como se eles não tivessem a linguagem para isso. Eu tenho minha própria forma numérica de teoria, e eu nunca poderia parar de aprender com ela, por mais que sempre haverá coisas para eu descobrir de CDs para a minha guitarra, coisas para estudar no computador quando se trata de groove, programação e estar plenamente consciente dos graus do “fora-do-tempo”. Isso é o que o groove é: diferentes graus de “fora-do-tempo” e diferentes graus de acentuações. Há toneladas para se estudar nele."


Falando sobre “fora-do-tempo”, você tem um talento especial para criar tensão – como quando você canta contra o ritmo em suas músicas. Como você consegue isso?

"Para o Enclosure, os vocais foram gravados antes da instrumentação ficar completa. Eu começaria uma música programando uma batida de um ou dois compassos, bem simples, apenas um guia constante para cantar e tocar guitarra por cima. Isso poderia ter sido um problema, porque normalmente as pessoas cantam para se ajustar ao ambiente que está lá, e se há apenas uma guitarra e uma bateria eletrônica simples, eles tendem a cantar timidamente. Eu aprendi a não fazer isso. O vocal inicial que você ouve no disco sou eu dando tudo de mim."

O NOVO ESTILO

John Frusciante está animado com um projeto em que acabou de participar com os Black Knights, uma dupla de hip-hop com os afiliados do Wu-Tang Clan Crisis The Sharpshoota e Rugged Monk. No início, eram apenas amigos saindo e rimando sobre batidas, mas, eventualmente, as músicas se transformaram em uma trilogia de álbuns (a serem lançados em intervalos de seis meses) e em uma nova forma para Frusciante fazer música socialmente. Ele criou os sons para as letras dos Black Knights.

“Descobri um novo tipo de banda/colaboração”, diz Frusciante. “É muito divertido, e eu fico tão livre como quando estou trabalhando sozinho. Temos discussões o tempo todo, mas elas ocorrem dentro da música”.

O primeiro desses álbuns, Medieval Chamber, apareceu em janeiro. De acordo com Crisis, Medieval Chamber representa os músicos conhecendo um ao outro musicalmente, mas o trio realmente acerta seu passo com o segundo álbum, The Almighty.

“John é muito inclinado musicalmente”, diz Crisis. “Eu aprendo algo cada vez que falamos de música. É como fazer rap com uma banda. Todas as batidas dele realmente tem um feeling, e isso é o que está faltando no hip-hop hoje em dia. É fácil pegar um conceito a partir delas, também”.

Frusciante produz, toca guitarra, e usa seus próprios vocais como samples. Crisis diz: “John coloca batidas juntas de uma bela forma. Ele é o engenheiro da sessão, ele limpa o som, dá para aquilo uma própria atmosfera e um próprio mundo lindamente. Ele toca guitarra lindamente. Ele canta lindamente. Tudo que ele põe na mesa, estamos dentro!”.

Ainda há muita guitarra neste álbum. Você usa a guitarra como um guia antes de fazer as outras partes?

"Sim, eu gravo a guitarra como a base para tudo, mas aí então penso puramente em termos de composição sonora e tento me afastar do conceito inicial."


O que você está fazendo com as partes de guitarra de “Cinch”? É basicamente um solo de guitarra de seis minutos.

"Eu estava mais interessado em aprender a ver a guitarra mais como um pianista vê um teclado. Certas coisas que vem naturalmente para tecladistas não vem naturalmente para guitarristas. Inverter acordes é bem fácil no piano, porque as notas tem a mesma aparência em todos os registros, mas na guitarra você precisa trabalhar em várias posições sobre várias áreas do braço. Por exemplo, um dos meus músicos favoritos é Tony Banks, o tecladista do Genesis. Amei a sua música a minha vida inteira, mas eu não podia escrever progressões de acordes como as coisas que ele fez em álbuns como The Lamb Lies Down on Broadway e Foxtrot. Era um mistério para mim, porque eu tinha uma conexão emocional profunda com aquelas músicas, mas não podia aprender na guitarra. Definitivamente eu não conseguia escrever coisas parecidas com aquilo! Isso é basicamente essa capacidade rápida de modular, de passar de um tom ou modo para outro no meio de uma progressão de acordes.

Eu estava preso escrevendo progressões de acordes que compartilhavam as mesmas sete notas, como Am-C-G-F-Em. Se você mudar para D maior, algo mudou – o que era F agora é F#. Isso pode ser inconveniente quando você está solando, porque você está sujeito a cometer erros e fazer um idiota de si mesmo.

Uma das minhas regras era não usar as cordas graves como um guia para o tom que eu estivesse, como “Bm é igual a 7ª casa, Gm é igual a 3ª casa”. Em músicas como “Cinch”, há uma modulação em quase todos os acordes. Mas só porque meus tons centrais mudam não significa que tenho que mudar para uma casa diferente. Quando eu estava nos Chili Peppers, eu fazia as mudanças de acordes enquanto solava, pois era mais fácil e para que eu não tivesse que ficar trocando de tom. Agora eu faço o oposto."


Quais guitarras você usou no Enclosure?

"Minhas principais guitarras são as Yamaha SG2000. A minha favorita é uma roxa de 1980. Eu tenho algumas outras, e algumas SG1500. Troquei a Strat pelas Yamahas no final de 2010. Só toquei a Strat uma vez nos últimos três anos, e somente em uma pequena gravação."

Yamaha SG2000 roxa de John - usada em Enclosure

Por que você trocou?

"Uma guitarra faz você tocar de uma determinada maneira. Uma pessoa que estuda tocando Jimi Hendrix tocando com uma Les Paul está em desvantagem, você não vai realmente entender o que ele estava fazendo com as mãos. A forma como os harmônicos do instrumento respondem ao movimento não tem nada em comum com o que você ouve no disco. A [Yamaha] SG é muito parecida com a Les Paul – ela tem um som semelhante e responde às mãos de uma maneira parecida. Foi uma oportunidade para mudar o meu estilo. Eu estava procurando uma maneira de ter uma nova abordagem com a guitarra, e em algum momento eu pensei em não usar palhetas. Mas o problema disso seria que eu não poderia tocar junto com discos, porque apenas dois guitarristas que eu gosto tocam sem palheta."

John em seu estúdio com a SG2000 roxa em foto de 2012

Quem?

"Lindsey Buckingham do Fleetwood Mac e Jeff Beck, que, aparentemente, não usou uma única palheta em 20 anos. Esses caras tem uma ampla gama de sons, mas isso seria impossível para mim, porque eu não pratico tocando em bandas, e sim tocando junto com álbuns. Tenho certeza que esses caras poderiam tocar junto com qualquer um, mas me levaria anos para ser capaz de fazer isso. Então eu comprei uma SG, porque eu sou um grande fã de John McGeoch do Siouxsie and the Banshees e Magazine. Quando eu tocava junto com seus álbuns usando uma Strat, tudo soava muito magro e fraco em comparação ao simples poder de seu estilo de tocar. Aprendendo a SG, eu tive que me ensinar a fazer bends de uma forma totalmente nova e utilizar novos músculos para fazer vibratos. Tudo tinha que mudar. Eu me sentia totalmente incapaz na guitarra – isso reduziu significativamente a minha técnica. Onde eu podia pegar uma Strat e quebrar tudo, eu não podia fazer nada com a SG."


É uma daquelas partes de guitarra sutis em “Fanfare” um baixo?

"Eu toco um Fender Bass VI nessa música – e uma Strat, eu acho. O Bass VI é um baixo que se sente como uma guitarra. As cordas não são tão separadas, e tem um som mais de guitarra, em comparação com outros baixos. Você pode tocar acordes abertos – qualquer coisa você pode tocar com um som agradável de guitarra nele. A guitarra de “Fanfare” é uma progressão de acordes bem básica, em comparação com a maioria das coisas que eu faço, mas tocar no Bass VI a mesma coisa que eu toquei na Strat deu a ela um som mais pesado que deixou mais difícil para meus ouvidos decifrar exatamente que acordes eu estava ouvindo. Você não está acostumado a ouvir esses acordes uma oitava abaixo."


Foto por Neil Zlozower.
Você tem uma pedaleira em seu estúdio agora?

"Não. Se eu quero mudar o som da guitarra, faço isso com o sintetizador modular. Quando gravo, eu quero tirar o melhor som puro da guitarra que eu puder. Mais tarde, me decido se coloco algum espaço nele, ou se coloco no sintetizador, ou se trato no computador de alguma forma."


Então você está usando algum pedal tradicional?

"Ocasionalmente, eu uso um Electro-Harmonix Electric Mistress ou talvez um pedal de chorus. Deixa eu ver... [abre a gaveta]. Eu tenho boas gavetas com todos os meus efeitos nelas, mas raramente uso alguns deles. Com a Strat eu tinha que usar uma distorção, mas com a Yamaha SG eu não preciso de pedal porque o amplificador me dá muita distorção. Com Marshalls e uma Strat, você precisa de um pedal de distorção. Eu uso um chorus ou um flanger se eu quiser um som fino ou algum movimento interessante. Tratar guitarra com o [sintetizador] modular depois de usar chorus também fica um som legal."

EQUIPAMENTOS DE JOHN FRUSCIANTE

Guitarras:
Yamaha SG2000s
Yamaha SG1500s
Ibanez Artist
Fender Bass VI
Fender Stratocaster Sunburst 1962

Amps:
Marshall Silver Jubilee 25/55

Outros equipamentos e efeitos:
Seis Roland MC-202s
Roland 100-M
Roland TR-606
Roland GR-500
Roland GR-300
Tap Audio Modular Synthesizer
Synton Fenix Modular Synthesizer
Elektron Monomachine
Vários drum machines vintages
Quatro Mixers Mackie
Console Neve
Electro-Harmonix Electric Mistress Deluxe
Encordoamento Pyramid Light-Guage
Palhetas Dunlop Tortex .60 mm

O que faz um guitarrista ser interessante?

"Alguém que não é consciente apenas de si mesmo, mas também das relações espaciais entre eles mesmos e os outros músicos. Alguém que abrange sua própria área sonoramente, ritmicamente, e em termos de frequências. Você pode ter isso tocando com um estilo avançado ou um bem básico. Há grandes guitarristas – como Matthew Ashman do Bow Wow Wow – que fornecem “chão” para outros músicos correrem, dirigirem e fazerem tudo o que fazem. Essa é a parte de tocar guitarra que fica esquecida pelos guitarristas que ficam obcecados pela técnica: utilizar o instrumento para criar uma cama ou uma atmosfera para os outros instrumentos. Steve Hackett era muito bom em criação de ambientes de guitarra que se encaixavam perfeitamente no meio da música do Genesis. E como a maioria dos guitarristas, acho que é emocionante ouvir alguém no limite, assumindo riscos, e empurrando a si mesmo."


Você já conheceu alguém que está fazendo o que você está fazendo?

"Tudo o que eu aprendi sobre estes instrumentos eletrônicos, tive a honra de aprender com Aaron Funk, que atende pelo nome de Venetian Snares. Ele não é um músico tradicional, mas usa um monte de equipamento que eu também uso. Juntamente com o nosso amigo Chris [McDonald], costumávamos nos reunir três ou quatro vezes por ano, começando em 2008. Morávamos juntos por duas semanas de cada vez, fazendo basicamente nada a não ser beber cerveja e fazer música. Mas eu não conheço ninguém que é ao mesmo tempo um músico tradicional e eletrônico, exceto, talvez, Squarepusher."


As coisas que você quis dizer como músico mudaram ao longo dos anos?

"Fazer música sempre foi algo que eu tive sede – não entreter ou ser popular. Eu deixei o mundo decidir se o que eu fiz renderia ou não dinheiro. Eu me juntei à pessoas muito ambiciosas e senti que eu tinha que coordenar o meu pensamento musical com o deles, porque eles realmente tinham uma vontade de ser popular. Quando entrei para os Chili Peppers, eles estavam tocando em clubes e vendendo 80.000 discos. Eu pensei que eles nunca seriam maiores e fiquei chocado quando descobri que eles queriam ser. Em uma banda como essa, você tem que ter um compromisso muito grande e gastar muito tempo fazendo coisas que você não quer fazer, como promoção e turnês pelo mundo durante anos.

Na primeira vez que eu estive na banda eu estava confuso com tudo isso, mas na segunda vez eu tinha claro na minha cabeça quem eles eram, quem eu era, e como as duas coisas poderiam trabalhar juntas. A resposta para mim foi que eu deveria passar o maior tempo possível praticando guitarra e usando o tempo livre para escrever e gravar músicas. Quando fizemos Blood Sugar Sex Magik, comecei a trabalhar no 4-track, fazendo música especificamente para mim, a fim de manter a minha sanidade."


Qual foi a sua parte favorita sobre fazer Enclosure?

"Acho que a sensação de que estou sempre descobrindo algo. Isso é o que me faz querer fazer música em primeiro lugar. É uma boa sensação quando você consegue misturar diferentes gêneros que parecem ter sido segregados um do outro na história. Misturá-los com sucesso é uma alegria.

Eu sinto que há uma grande mensagem no Enclosure, que é uma maneira de compositores poderem se expressar sem ter que depender de produtores, engenheiros ou outros músicos. Seu trabalho como compositor pode ser a criação de uma composição sonora de uma forma que músicos tradicionais não podem conceber. Eles sabem como tocar o instrumento físico, mas quando se trata do objetivo real de ser um músico – criar uma composição sonora – eles dependem de outras pessoas para fazer isso para eles.

Durante o tempo em que eu estava fazendo o Empyrean [2009], eu tinha imaginado certas coisas, como a idéia de que batidas de jungle e heavy metal lento tipo Black Sabbath poderiam se dar muito bem juntos. Vi como músicas realmente lentas e batidas muito rápido poderiam se encaixar, mas eu não tinha capacidade para fazer. Quando finalmente senti que eu tinha conseguido isso, me senti como se eu tivesse feito alguma coisa. Estar no processo criativo é a minha parte favorita de qualquer coisa que eu faça. Eu realmente amo o ato de fazer música."


Fonte: Premier Guitar

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