10 de fevereiro de 2018

Biografia - The Will To Death, Ataxia & DC EP


The Will To Death é um álbum onde as canções foram escritas pouco antes das sessões de gravação, sendo que algumas foram escritas há pelo menos uns três anos. Algumas dessas canções tem minhas músicas favoritas que eu já tenha escrito: Loss, The Mirror, The Days Have Turned e The Will To Death.

A coisa mais importante para mim na época em que o álbum estava sendo feito, foi a certeza de que ele era espaçoso e que os “overdubs” (se é que houve) soaram sutis. Eu tinha acabado de fazer o que para mim era uma grande produção de um álbum, que era o que eu precisava fazer naquele momento, para equilibrar minhas produções. Sendo diferente do álbum anterior, para agora fazer um álbum que fosse mais “cru” isso foi muito importante para mim. Também foi importante para mim, gravá-lo rapidamente e reduzir a sensação de perfeição que eu tinha elevado em "Shadows". Acho que no momento de “Shadows”, eu estava tão animado em fazer o álbum em um verdadeiro estúdio de gravação e tão cansado de pessoas que achavam minhas gravações como sendo fodidas e não-profissional. Em "Shadows", eu queria sentir exatamente o jeito que ele soava em minha mente. Mas após esse álbum, eu comecei a perceber que os álbuns que eu mais amava na minha vida, tinha toneladas de coisas que eu teria (na época) o que me estimulou em voltar a produzi-lo. Um pouco fora do tom vocal, instrumentos indo um pouco fora do seu tempo um com o outro, assim como straight-up-mistakes-all erros, todas essas coisas prevaleceram triunfantes sobre Velvet Underground, Talking Heads, Rolling Stones, Van Der Graaf Generator, Butthole Surfers e inúmeros outras produções (até mesmo com os Beatles) que eu sempre amei. Eu sempre escultava álbuns dessas bandas como sendo pura perfeição, e quando eu percebi que eu tinha aguçado o meu senso de perfeição a tal ponto que se fossem sob minha supervisão, os álbuns teriam sido limpos ao ponto de se tornarem inferior. Percebi que eu precisava reavaliar o que significava para mim “perfeição”. Eu descobri que quando uma sessão de gravação é focada e um fluxo de energia vai do segundo andar em você até você sair, e você sabe bem as canções, onde há uma boa vibe e algumas risadas, as imperfeições que aparecem são muito desejáveis e é um dos tipos mais bonitos da perfeição que não existe. Então nesse álbum eu me senti mais confortável, com as coisas que eram boas-vindas ao intencional, em vez de fazer tudo certo, tudo era exatamente como eu pretendia

Aproximando as coisas desta maneira, juntamente com o não ser intimidado pelo estúdio, foi possível gravar tudo muito rapidamente. Daí, eu ter gravado um álbum novo a cada mês deste ano (2004). The Will to Death é o primeiro. Para mim tem um sentimento muito relaxante e livre, porque era a primeira vez que Josh e eu percebemos, como é grande a sensação de gravar em um estúdio quando você está rápido, eficiente e descontraído. Durante a gravação das faixas de base (Bateria e Guitarra), fomos tantas vezes certo que o nosso primeiro “Take” foi muito bom, nós tínhamos que passar para a próxima música sem sequer ouvir a reprodução.

The Will to Death não representa as outras produções que se seguirão. Elas são todas muito diferentes uma das outras. As gravações nos elevaram a um grande passo no vazio, que será o de quarto lançamentos. Estou muito orgulhoso de The Will to Death, mas depois de ter ouvido todas as gravações, você vai perceber que Josh, Ryan (engenheiro de som) e eu... estavamos apenas começando a caminhar com nossos próprios pés, em termos de encontrar o nosso estilo de gravação, rompendo as tendências atuais na gravação de rock.

Depois disso, começamos a nos reunir com Joe Lally que tinha recentemente se mudado para Los Angeles. Ele sempre foi um dos nossos baixistas favoritos e nós lhe perguntamos se ele gostaria de se juntar a nós para dois shows Performance na The Knitting Factory. Originalmente iríamos tocar músicas de Shadows e The Will To Death, mas eu senti que era um desperdício do talento de Joe e um desperdício de oportunidade em criar música, com alguém que eu considero ser um dos ídolos. Começamos a discutir o que fazer e nós decidimos fazer alguma coisa inspirada em “PIL-Public Image Ltda” onde as linhas de baixo eram repetitivas e hipnóticas, e que a bateria e a guitarra fossem exploratórias.

Gostamos do que estávamos fazendo... tanto que decidimos reservar tempo em estúdio. Nós gravamos por dois dias, em seguida fizemos dois shows, gravamos por mais dois dias. Foram produzidas dez canções que se tornaram mais de uma hora e meia de música. Será lançado em duas partes. A primeira parte conterá cinco músicas, totalizando quarenta e cinco minutos e será lançado 5 de agosto de 2004. Foi um álbum muito emocionante de se gravar. Eu fiz a maioria dos meus vocais ao vivo, enquanto nós estávamos acompanhando a guitarra, baixo e bateria. Se você ouvir de perto há momentos em que você pode ouvir a minha guitarra sem amplificação... que vem através do meu microfone vocal, como Joe Strummer fez sobre no primeiro álbum do Clash. Há tantos momentos maravilhosos que nunca poderia ter acontecido se tivéssemos gravado de outra maneira. Josh na bateria estava fora deste mundo. Ele iria manter vivo o sentimento, por vezes... doze minutos... ele nunca perde uma batida, ele nos eleva a tantos lugares diferentes. Eu nunca me senti tão carregado e com um sentimento tão forte de abandono no estúdio. Consequentemente, este álbum contém algumas das mais fora de controle guitarras que já fiz em para um álbum.
O DC EP foi gravado em Washington nos estúdios Inner Ear. O dono é Don Zientra e é onde Fugazi e a maioria dos outros artistas da Discord gravam. Meu amigo Ian Mackaye esteve me encorajando pra aparecer lá e gravar e eu esperei pra fazer essas canções com Jerry Busher tocando bateria. Eu conheci Jerry na primavera de 1999 na mesma época que eu conheci Fugazi. Ele foi o técnico de som deles e o segundo baterista também. Ele é um dos meus bateristas favoritos. Ele atualmente está num grupo chamado French Toast (com James Canty do Make Up) e tem outro chamado The All Scars. As sessões foram produzidas por Ian. Pra mim, foi interessante deixar essas idéias de produção pra outra pessoa. Mesmo que tenhamos gravado e mixado quatro músicas em dois dias, foi uma sessão muito relaxada e mais parecida com umas férias do que com trabalho. Ian é uma das pessoas vivas que eu realmente respeito e admiro, então foi uma honra e um prazer, assim como uma grande experiência de aprendizagem escutar sua perspectiva. Pra mim também foi interessante fazer uma gravação sem nenhum dos meus equipamentos... a lição é que ainda soa que nem eu. Para os solos eu pedi emprestado a Les Paul Junior que Guy Picciotto usava na época do Rites of Spring. A guitarra foi tocada no cabeçote da Marshall de Ian que é retratada na capa do disco Red Medicine (Fugazi). Esse EP é ímpar por ser o único álbum que eu fiz nos últimos cinco anos sem qualquer sintetizador. Jerry, Ian e eu esperamos fazer mais músicas juntos.

Esta carta será continuada por esses meses em que se aproximam, na hora que lançarmos Emptiness. Todo o meu amor e agradecimento aos meus fãs por ser exatamente quem vocês são, em todos os sentidos. O melhor ainda está por vir.


-John Frusciante - Junho de 2004

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