14 de março de 2018

John Frusciante falando sobre Jimi Hendrix


Há algumas semanas, Bram Van Splunteren digitalizou seu documentário sobre Jimi Hendrix de 1990 em que John Frusciante é entrevistado sobre a influência de seu maior ídolo desde a infância. O documentário de 30 minutos em holandês (com algumas entrevistas, como a de Frusciante, em inglês) foi exibido pela TV holandesa VPRO.



A seguir está a transcrição da parte em que John Frusciante participa do documentário falando sobre Jimi Hendrix:


Eu estava vendo seus discos. Onde estão os discos do Hendrix?
"Tem um monte aqui, mas...Todos esses."

Todos esses?
"Sim.

Eu costumava ir em lojas de música quando estava na sétima série, e todo mundo ficava olhando aquele garoto incrível desse tamanho que podia tocar todas as musicas do Hendrix."

- Já?
- "Já.

Mas depois, sua música é mais importante do que a música de qualquer outra pessoa. E eu acho que...eu acho que Jimi Hendrix...eu acho que a vida dele, o estilo de vida dele e as mulheres na vida dele influenciaram em sua música mais do que as de outros músicos. Por causa de como ele falava livremente de seus planos e quando você ouve Jimi Hendrix tocando é a pura expressão de ver uma pessoa em cima de um palco e completamente sem separação entre ele e sua guitarra. Eles são completamente um só, porquê ele põe, em cada notinha, toda a sua mente e cada parte do seu corpo no seu estilo de tocar.

Em um momento, Jimi parou de tocar guitarra junto com ela. Ele começou a deitar e sonhar. Ele falava que música que ele ouvia em sua cabeça, ele não podia tocar na guitarra, então ele começou a sonhar com isso.

Essa é a primeira gravação de estúdio para a música Electric Ladyland. Nesta gravação dá pra ouvir o engenheiro de som perguntando qual é o nome da música. É a Electric Ladyland, numa forma antiga só com guitarra."

- Qual é essa?
"Electric Ladyland.

Nessa hora ele acha que não ficou bom. Porque nessa sessão você não tem a musica toda, mas algumas partes. Agora eles saem. Jimi jogou as idéias ruins fora, como todo mundo. Mas eu acho que essas idéias ruins são as coisas mais lindas que eu já ouvi."

Jimi Hendrix: "Feliz ano novo, antes de tudo. Espero que tenhamos um milhão, ou mais 2 milhões. Se eles conseguirem passar do verão.

Eu dedico essa música a toda a miséria que está acontecendo. A todos os soldados que estão lutando em Chicago, Milwaukee, Nova York. Ah, e a todos os soldados que estão no Vietnam. Essa se chama Machine Gun."

John Frusciante: "Com certeza é o melhor album ao vivo que eu já ouvi dele e provavelmente o melhor album de todos que eu já ouvi. Porque qualquer um sabe que ele estava de mal humor aquela noite. Dá pra ver na sua maneira de tocar, é uma maneira agressiva. E faz efeito em mim, tipo, alem de mim, qualquer um que ouvir sente vontade de bater em alguém.

Você realmente ouve como ele se sente nesse show. Quando ele se sente cósmico e quando ele se sente bem e pacífico ele toca as coisas mais lindas de todos os tempos. E quando ele se sente raiva ele toca as coisas mais sujas e loucas soando pesado que você já ouviu. E guitarristas de hoje em dia esquecem de tocar uma nota com o seu dedo do meio. É tão importante, sabe, ser capaz de fazer isso. Quando você estiver puto ser capaz de tocar assim. É uma coisa muito importante...e Jimi Hendrix fazia isso bem.

E aparentemente a experiência realmente mudou pensamentos, como algumas pessoas que pegavam seus pintos e botavam em calças coladas, e ficavam desconfortáveis e falavam “eu espero que meu pinto fique duro, olhe como é grande” querendo uma boa impressão. E Jimi não se importava. Ele acabou com esse estilo, pelo jeito. Ele acabou e apareceu. Pra todo mundo."


Jimi Hendrix doc (1990) from bram van splunteren on Vimeo.

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