28 de agosto de 2016

Uma bela parada - Março de 2004

Uma Bela Parada

Deixando de lado o Red Hot Chili Peppers por um tempo para gravar seu 4º album solo, John Frusciante está em Paris. Eis a oportunidade de termos notícias. Ele está bem e fala sobre arte, um pouco de amizade e muita música...

Quando você começou a tocar guitarra?
Realmente com doze anos. Eu irritei meu pai por muitas semanas para ter uma guitarra elétrica. Era uma Fender Stratocaster. No início, ele queria comprar uma guitarra mais barata, mas eu não desisti! Eu estava ouvindo Jimi Hendrix todos os dias, e estava fora de questão não ter uma guitarra como a dele.

Existe uma guitarra que você está particularmente ligado?
Sem dúvida, uma Gretsch de 1957 [nota: na verdade de 1955] que Vincent Gallo me ofereceu há um tempo atrás. Ele havia vendido a uma pessoa, e em seguida, comprou dele novamente para oferecê-la para mim! Eu a usei no clipe de Californication e uso muitas vezes quando estou no palco.

É difícil quando você tem que escolher uma de suas guitarras?
Eu sou um pouco esnobe. Eu só toco em guitarras dos anos cinquenta ou sessenta. Depois, não me interessa! Mas a melhor guitarra para mim, em relação ao meu jeito de tocar, a aparência, o som, o conforto, é a Fender Telecaster de 1966 [nota: ele possui uma de 1963 e possuía uma de 1965, dada a Josh Klinghoffer]. A melhor!

Paradoxalmente, você não fez seu álbum solo sozinho...
É verdade, meu amigo Josh Klinghoffer me ajudou muito. Eu o conheci há 5 ou 6 anos atrás. Ele tinha 17 anos e estava fazendo o show de abertura para os Chili Peppers em algumas datas com a banda dele. Nós imediatamente nos demos bem. Ouvimos alguns CDs, conversamos muito sobre música e foi ótimo: ele fazia tudo exatamente como eu. Com o Chili Peppers, você vem com uma ideia ou um riff, mas uma vez que os outros colocam suas partes, com todo o talento que nós sabemos que eles têm, a música não se parece com o que você pensou que seria! Com Josh, estamos na mesma onda artística. Portanto, é muito agradável ir até o fim de uma música com ele, porque você sabe que ele toca da mesma forma como você quer. No final, a canção será exatamente como você imaginou.

Há Chad Smith e Flea no álbum, todavia...
É claro! Eles estavam lá, disponíveis. Eu não ia ficar sem ritmo nas seções! Pelo contrário, eles não criaram nada, estritamente falando. Eles tocaram o que pedimos a eles, sem exagerar...

Os seus álbuns anteriores foram "comparados" com repertório dos Chili Peppers. Não é realmente o caso de agora...
No início, fazer gravações individuais se tornou uma forma de me afirmar, fora do coletivo dos Red Hot Chili Peppers, que é por muitas vezes opressivo. O Red Hot Chili Peppers, é muito verso/refrão/verso/refrão... Então, eu fazia coisas experimentais, a coisa mais distante possível a partir desta estrutura muito tradicional. Hoje, percebo que fazer uma música simples é muito difícil de se fazer na verdade. Então eu gostaria de desenvolver esse tipo de coisa, o que torna os meus álbuns menos insanos do que antes, mais popular, reunindo assim as formas do Chili Peppers.

Talvez também porque suas influências tenham crescido dentro do Chili Peppers e, em conseqüência disso, o repertório recente da banda está mais parecido com o seu?
JF: É... Eu gosto da idéia! Uma explicação racional, eu também gravei a maioria das canções deste disco, ao mesmo tempo que gravamos By the Way. Então o meu estado de espírito é quase o mesmo nos dois discos, onde há alguma semelhança. E sobre mim, eu evoluí desde Blood Sugar Sex Magic. Como Flea ou Anthony. Hoje, os nossos gostos são muito mais semelhantes do que no passado.

Shadows Collide With People é um álbum muito dark...
Fiz novas resoluções há alguns anos atrás, minha vida mudou. Me recusei por um longo tempo ser parte deste mundo. Minha vida social estava em um beco sem saída, eu estava sozinho e orgulhoso. Este álbum é um segundo nascimento, mas eu ainda sou o mesmo profundo dentro de mim. Agora me sinto mais confiante do que no passado, felizmente. Na faculdade, eu me achava tão interessante que muitas vezes eu me apresentava para os outros com um nome falso!

O diretor Vincent Gallo fez as fotos para seu álbum. Você fez seis músicas para a trilha sonora original de seu próximo filme The Brown Bunny. Como você o conheceu?
Fomos apresentados há cinco anos por um amigo em comum. Eu tinha acabado de ver seu filme Buffalo 66, eu tinha adorado! Porque a trilha era repleta de canções de rock progressivo como Yes e King Crimson. Ele me disse que tinha adorado meu primeiro álbum solo, e que ele tava procurando canções loucas como aquelas para seu próximo filme. Eu fiz algumas canções enquanto o filme não tinha sido finalizado ainda. Mas, na verdade elas não estarão no filme, apenas no CD da trilha sonora original.

Você está interessado em ser um ator?
Vincent Gallo fez o vídeoclipe de Going Inside do meu álbum anterior. Afirmou que eu era o maior ator que ele tinha visto! O problema é que eu nunca soube se ele realmente estava falando sério! (Risos). Na verdade, eu nunca fiz essa pergunta a mim mesmo, e ninguém nunca propôs nada para mim! Mas por que não!?

Talvez você não tenha tempo suficiente. Você faz algo diferente da música em sua vida?
Eu adoro arte. Aqui, em Paris eu gostaria de visitar o Beaubourg, mas cada vez que eu venho ele está fechado! A capa do meu álbum foi feita por René Ricard. Ela fazia parte da Factory, com Andy Warhol e Basquiat. Foi um movimento artístico muito intenso. Minha namorada tinha encontrado na garagem esta velha fotografia de uma paisagem de neve. Isso me lembrou de uma noção de espaço. Uma vez que o título do álbum foi formulado, nós pedimos para René Ricard pintar as palavras sobre está paisagem.

Você vai estar com o Red Hot Chili Peppers no palco em Paris, em junho. Você pode nos dizer como vai ser?
Francamente, não... Não porque eu não quero, mas porque nós ensaiamos apenas uma semana antes da apresentação, então eu não tenho idéia! Mas não se preocupe, tudo correrá bem!


Tradução: Dragão Frusciante
Fonte: Rock Mag (França) - Março de 2004

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