6 de setembro de 2016

Aquele com o rockstar do Red Hot Chili Peppers - Junho de 2013


A John Frusciante effects traduziu uma curiosa postagem do blog Paparazzi Porn escrita por Marcus Lebov em junho de 2013, contando a história de como ele chegou a morar na casa em que John Frusciante vivia com sua namorada, Meg Holliday, em 1997. O texto detalha o estado deplorável em que John se encontrava na época, precisando ser alimentado, vestido, banhado, ao mesmo tempo em que usava todo tipo de droga que pudesse, escondido da parceira. Marcus Lebov relata ter feito uma verdadeira amizade com John, quem considerava um "artista de verdade", que costumava gravar suas canções num gravador montado no chão da sala, "o dia inteiro, a noite inteira, por horas e horas, dias e dias, e as vezes até semanas inteiras sem dormir."

Marcus Lebov trabalhava na indústria cinematográfica de Hollywood, trabalhando como assistente de produção em filmes como "Anaconda" (1997), e "Misteriosa Paixão" (1998). Ele faleceu em 30 de abril de 2014, aos 41 anos.

AQUELE COM O ROCKSTAR DO RED HOT CHILI PEPPERS
por Marcus Lebov




Em 30 de outubro, 1993, River Phoenix se apresentava no Viper Room com sua banda Aleka's Attic junto com Flea do Red Hot Chili Peppers... o Viper Room era e ainda é um importante e infame ponto de encontro das madrugadas de Hollywood. Todo mundo sabe mais ou menos o que aconteceu naquela noite em relação a River Phoenix. Eu nunca conheci ou estive com River mas eu acabaria aprendendo e sabendo exatamente o que aconteceu com ele naquela fatídica noite. E isso aconteceria quatro anos depois numa casa assombrada em cima de Beachwood Canyon.


CORTA PARA:


4 ANOS DEPOIS:


Eu estava morando num apartamento bem legal em Silverlake. O senhorio era maluco, meu amigo Pinch de Nova York tinha acabado de se mudar comigo e estava dormindo na sala, enquanto os dois quartos eram ocupados por Kung-Pow e eu - nos conhecemos no set de um filme independente, e na maioria das vezes, ele era um cara legal. Kung-Pow me arranjou um trabalho em outro filme independente como Assistente de Direção de um ator chamado Adam Goldberg.


Se esse nome for familiar, é porque Adam fez um monte de filmes e de séries de TV, mas por algum motivo, as pessoas só se lembram dele por "Dazed & Confused" (*"Jovens, Loucos e Rebeldes" no Brasil), onde ele interpretou o neurótico por excelência, Judeu Marxista, que levou uma surra de Nicky Katt na festa do barril. Ele também interpretou o judeu em "O Resgate do Soldado Ryan". Ironicamente, Adam é basicamente o mais longe possível disso - ele tem um monte de tatuagens e não fala como Woody Allen.


Enfim, Adam escreveu um filme pseudo-intelectual, em preto e branco com um roteiro de 177 páginas, num estilo "Curtindo A Noite" misturado com "A Marca da Maldade" que teve no elenco Giovanni Ribisi, Nicky Katt, Clea Lewis, Cole Hauser (e ele mesmo). Ele também produziu e dirigiu. E sim, Kung-Pow me colocou no projeto que definitivamente me abriu muitas portas, mesmo que, como é comum em Hollywood, eu tenha abandonado-o nos últimos momentos porque tinha conseguido um emprego num filme grande de Hollywood que pagava 15 vezes mais que o filme do Goldberg.


Então eu me demiti para trabalhar num filme com J-Lo, deixando Kung-Pow trabalhando no filminho do Adam - de quê? Eu ainda não sei. E estou nesse enorme trabalho de Hollywood, e Kung-Pow mal pode pagar o aluguel e meu amigo Pinch de Nova York está morando conosco na nossa sala de estar e eu estou sendo muito generoso com todo mundo. Mas também começo a sentir que estão se aproveitando de mim e eu não gosto de me sentir assim...


ENTÃO:


Por uma miserável coincidência, meu pai e meu avô morrem dentro de 3 dias um do outro e eu tenho que abandonar o filme da J-Lo para voar pro leste para os funerais. 7 dias depois, quando volto pra LA, estou um pouco SENSÍVEL para dizer o mínimo, e toda a situação de Kung-Pow e Pinch me sugando está menos gerenciável psicológicamente do que antes.


Algo precisa mudar. Muito rápido.



ENTRA:


Meg Holliday, grande amiga de Nova York do Pinch que eu também já conhecia de muito tempo atrás porque ela costumava namorar meu outro amigo. Meg é uma modelo e tinha acabado de se mudar para LA de Nova York. Ela estava morando numa casa em Beachwood Canyon com duas outras modelos. Uma delas terminou ficando com Stephen Gaghan, o cara que escreveu "Traffic" e eles realmente acabaram se casando. A outra acabou ficando famosa do seu próprio jeito, mas que seja. Então agora, Meg tem essa casa só pra ela e ela começa a namorar com John Frusciante, um rockstar viciado, que estava muito mal quando o conheci.


Meg e eu estávamos ficando cada vez mais próximos, acho que Pinch falou pra ela sobre meu pai. Ela parecia ter um real carinho por mim e nós nos dávamos muito bem, tínhamos o mesmo senso de humor e eu gostava muito dela.


Então, um dia, do nada, quando eu estava no fim da minha paciência com toda a situação de estar sendo aproveitado, Meg diz, por que você e Pinch não vem morar comigo até vocês decidirem o que fazer. 2 dias depois, Pinch e eu fomos morar com Meg e John.


Eu não fazia a mínima ideia de quem era John Frusciante. Eu tinha ouvido falar do Red Hot Chili Peppers mas eu era e sou um fã de rap estilo Duro de Matar, então quem diabo fosse ele não significava nada pra mim. 1997 se tornaria o ano mais infernal, psicótico e bizarro da minha vida inteira. Estou simplesmente feliz de estar vivo e capaz de escrever sobre isso.


Então agora eu estou vivendo na infame casa assombrada em Deronda Drive, a velha morada de "Sir" James Dean, em cima de Beachwood Canyon com Meg Holliday, meu parceiro Pinch e o rockstar John que estava a beira da morte quando o conheci. John tinha acabado de sair de uma banda chamada Red Hot Chili Peppers - os famosos "Red Hots" - uma das bandas de rock e funk mais populares de todos os tempos.


Honestamente, John Frusciante era especial. Ele não dava a mínima pra dinheiro, fama, glória, ou poder. John não ligava pra o que ninguém pensava dele. John morava no que ele chamava de 4ª dimensão - um novo nível de tempo e espaço. Ele era e é um dos mais talentosos pintores que eu já vi ou conheci - e eu não sou leigo quando se trata de arte. John estava usando uma superabundância de substâncias ilícitas e isso é pra dizer o mínimo e soa totalmente "proibido pra menores de 13 anos". Ele estava fumando e injetando metanfetamina, junto com uma secreta dose saudável de heroína, e de tudo que ele conseguisse arranjar.


Ele tinha que esconder seu uso de heroína muito bem porque as regras na casa de Meg eram curtas, simples e diretas: "Qualquer droga mas nada de heroína para, com ou perto do John." Era muita loucura como ele de algum jeito conseguia esconder o uso de heroína da Meg. John ia escondido pra diversas partes da casa - ao redor da piscina, na casa da piscina, nos arbustos, árvores, também na garagem, para poder injetar heroína. Então eu acho que tecnicamente ele estava dentro da lei da Meg.


John costumava gravar canções num gravador de 13 ou 16 faixas que ele tinha montado no chão da sala - ele tocava suas guitarras e gravava músicas o dia inteiro, a noite inteira, por horas e horas, dias e dias, e as vezes até semanas inteiras sem dormir. Claro, ele se desconectava de vez em quando pra fazer o essencial mas ele estava em outro universo. Artistas de verdade de qualquer tipo - drogados ou não - estão sempre em outro universo. Eles são loucos - de verdade - se não tivessem milhões de dólares, eles estariam mendigando nas ruas ou numa ala psiquiátrica ou num asilo, que é o que os faz tão talentosos.


Meg se referia a ela e John como um casal, quando a verdade nua e crua era que mesmo que Meg talvez o amasse e John talvez amasse ela, John precisava mesmo mais de uma enfermeira do que de uma amante. E Meg era perfeita para o papel. Ele sabia o que fazer. Ela era enfermeira e mãe, não amante ou namorada. Ela lhe dava banhos, lhe alimentava, lhe vestia, ajudava com as dentaduras, preparava panquecas ou o que fosse que ele conseguisse comer, o levava à consultas, shows, e ensaios com "Thelonious Monster" e "Fishbone".


Qualquer sexo ou intimidade estava fora de questão. John estava simplesmente incapaz de atuar em questão de sexo devido a cornucópia de drogas que ele usava e pelas suas condições físicas básicas. Sexo é a última coisa que se passa na cabeça de um viciado de verdade. Eu criei uma verdadeira amizade com John com o passar do tempo naquela nossa insana casa e eu tiro meu chapéu pra ele por várias questões diferentes - ele era e é absolutamente um gênio em relação a ser um verdadeiro artista em praticamente tudo que fazia: um dos melhores guitarristas que já viveram, um pintor, escritor, basicamente qualquer coisa em que ele pusesse sua mente para criar era incrivelmente lindo.


OK, então foram-se duas ou três semanas e eu tinha acabado de terminar o filme da J-Lo de algum jeito. Só Deus sabe como, sob minhas condições de vida. Estou iniciando em outro grande filme de Hollywood e estou tentanto muito não pensar nas mortes do meu pai e do meu avô. Eu empurrei isso para o mais distante possível. Eu bloqueei meu processo de luto, isolando meus sentimentos todos nos lugares errados. John e eu tínhamos muito em comum nesse assunto porque ele estava fazendo a mesma coisa com a morte de seu melhor amigo e irmão de alma, River Phoenix. Era a única maneira que eu tinha de lidar com isso e obviamente era a única maneira de John suportar isso.


Então recebemos a notícia que um dos meus melhores amigos de Nova York tinha falecido de uma overdose de heroína - todos morando nessa casa em Beachwood conheciam esse meu amigo. O nome dele era Davide Sorrenti e ele morreu com 23 anos, a caminho de ser um dos fotógrafos mais prolíficos que já viveram. A morte de Davide foi a gota d'água - pelo menos pra mim.



AQUELE COM A MODELO
por Marcus Lebov


Então SIM - estou morando onde costumávamos chamar de Casa do céu. A casa bem no topo de Beachwood Canyon numa rua chamada Deronda Drive. Certo, pra vocês que conhecem Hollywood Hills - basicamente após você subir todo o caminho até Beachwood, você vira a esquerda numa enorme colina - eu esqueci o nome dessa rua mas quase na metade dela, você vira a direita numa grande rua curvada que se divide umas 3 vezes até se tornar uma rua chamada Deronda Drive. Deronda é uma rua bem inclinada, indo direto na direção do letreiro de Hollywood. Minha casa era a última casa do lado direito. Subindo a esquerda você podia ver o letreiro de Hollywood.

Não era uma casa grande - um piso térreo com 3 quartos de bom tamanho e uma enorme sala de estar/sala de jantar com portas de correr de vidro por toda a parte de trás da casa. Na frente havia um pequeno quintal bem arejado, uma pequena entrada pra carros, e uma garagem pra dois carros em que ninguém estacionava. Era usada como depósito e era onde John Frusciante costumava injetar heroína. Sempre tendo em mente a regra domiciliar da Meg - toda e qualquer droga era permitida mas absolutamente nada de seringas ou heroína dentro da casa. Essa regra supostamente foi criada pela Meg para o bem estar e a saúde do John.


O simples fato de que John permaneceu vivo é um milagre em si. Ele pesava menos de 40 quilos e tinha perdido todos os dentes na boca de tanto injetar heroína. Ele tinha uns 27 ou 28 anos mas parecia um velhinho. John também nunca aprendeu como achar uma veia, então ele acertava o músculo toda vez que se injetava. Isso deixou cicatrizes permanentes em seus dois braços. Dos pulsos até os ombros - ambos os braços eram 91% CICATRIZES.


Então, voltando pra Meg. John saiu em turnê por 4, talvez 6 semanas. Meu parceiro Pinch que também estava morando na Casa do céu (de graça, por cortesia de John, eu e Meg) pegou um vôo para Nova York para o funeral do querido fotógrafo. Eu realmente me senti mal por não ter comparecido, mas eu ainda estava lidando com a perda do meu pai e do meu avô materno, que há pouco tempo tinham falecido num período de 48 horas um do outro. Então peguei um sol e usei algumas drogas.


Além de Meg e eu, ninguém usava a piscina. Na verdade, era só eu. Eu adorava ter uma piscina com vista para o centro de LA. Eu sempre estava na piscina - quando eu acordava, a primeira coisa que eu fazia era cambalear até os fundos da casa, abrir as portas corrediças de vidro e deslizar pra dentro daquela brilhante piscina de tranquilidade. Podia ser 5:52 da manhã ou meio dia ou qual fosse a hora que eu acordasse, eu ia pra piscina. Não importava o que acontecesse. Eu nem mergulhava. Eu basicamente deslizava até encostar os pés no fundo. Eu flutuava até o fundo e sentava como um indiano, abria os olhos e escutava o barulho aquático, aquele zumbido debaixo d'água, um silêncio hidro-terapêutico.


Na maioria das vezes, eu falava pra mim mesmo - estou morando nessa casa incrível com uma modelo maravilhosa e seu namorado, um famoso guitarrista viciado que está basicamente no meio de um lento suicídio. Mas por algum motivo, a alma e o corpo do John não desistiam.


Então, numa noite - Meg e eu estávamos deitados na cama do quarto dela e eu estou usando uma camisa, shorts, meias, etc., assistindo um filme e ela está com uma camisa e uma calcinha, tentando dormir ou pelo menos fingindo. Eu juro pelo meu Pai que de jeito ou maneira nenhuma eu tinha pensado em tentar qualquer coisa com aquela garota, mesmo eu tendo uma queda pela Meg desde a primeira vez que a vi - 7 anos antes - quando eu estava na faculdade em Boston. Ela estava namorando um traficante que chamávamos de Ponyboy, que era um dos meus parceiros, então mesmo naquela época, não importando o quanto ela fosse gostosa, pra mim ela estava além dos limites.


Ela começou a tatear por debaixo do lençol que eu nem estava dividindo com ela. Éramos apenas dois amigos que por acaso estavam numa cama juntos. Claro que a tensão sexual era palpável - você podia cortá-la com uma faca de cortar manteiga.


Tradução: Pedro Tavares

Fonte: Paparazzi Porn - link 1 e link 2.

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