Em fevereiro de 2014, a revista digital Premier Guitar disponibilizou um review do álbum Enclosure feito por Tessa Jeffers, que o classificou com uma nota 4/5.
Um sombrio e pulsante sintetizador vibra enquanto o falsete
de John Frusciante o supera e canta “I’ll tell you...I’ll tell you” na faixa de
abertura de seu mais novo passeio solo. Essa justaposição é apenas uma receita
de um compositor que sabe construir de modo autêntico e que se tornou
extremamente abençoado em fazer camadas de imagens sobre melodias cativantes. E
mesmo se algumas ideias saírem girando para direções dissonantes, elas ainda
funcionarão.
Assim como os últimos álbuns de Frusciante foram para o
território do prog-pop, Enclosure usa
drum machines e efeitos expansivos para criar o ambiente. Embora Frusciante injete
solos de guitarra à vontade, alguns fãs podem sentir que o gênio da guitarra está
bem discreto aqui, especialmente quando comparado ao trabalho influencial feito
em seu passado como Chili Pepper. Durante as nove faixas, os solos de
Frusciante – como o que sequestra a inteira metade final de “Stage” – aparecem
não como meras tangentes, mas como o evento principal: a guitarra é um veículo
oscilante que leva sua música para novos planos.
Várias faixas nos dão uma refrescante vibe de anos 80 sem
muito esforço – pense nos bons anos
80, como Peter Gabriel, mas com a sensibilidade de Radiohead. Frusciante usa
efeitos como sons de órgão para criar profundidade sob sua voz forte pulsando
sobre os versos e ainda habilidosamente cria ondas de guitarra e harmonias de
teclado como acompanhamento. Todas as faixas tem vocais, exceto “Cinch”, uma
obra de arte com mais de seis minutos, com arpeggios de guitarras distorcidas em
casas alternadas.
Frusciante está alcançando seus limites como
cantor/compositor e multi-instrumentista, e a arte que ele está fazendo é um
bom casamento entre o groove e o “embolado”, possuindo o tipo de balanço que
deixa uma música ser uma música sem ficar muito bagunçada ou alienante ao
público. Pode ser um pouco difícil ouvir as músicas procurando uma coerência
durante o álbum inteiro, mas cada joia individual é uma cápsula prazerosa de
criação e tudo fica ajustado quando se pensa que ouvi-lo é uma experiência
aventureira e atlética.
- Tessa Jeffers
Faixa para ouvir: “Crowded”
Faixa para ouvir: “Crowded”
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