4 de outubro de 2017

O grande serviço de Frusciante para a humanidade - Maio de 1990


John Frusciante, guitarrista do Red Hot Chili Peppers, quer que as pessoas saibam que ele não é estranho assim - ou não tão estranho, pelo menos - como você deve imaginar vendo os vídeos da banda.

"Qualquer um que se comportasse assim na vida real seria um completo idiota" Frusciante disse numa entrevista recente por telefone. "Na vida diária nós somos maduros. Nós não somos barulhentos. Gostamos de tocar, bilhar."

Mas ele é igualmente enfático em negar que a personalidade maníaca dos Peppers é forjada para as câmeras.

"Nosso tipo de estranheza vem de maneira totalmente natural", ele diz. "Quando pulamos e agimos loucamente, é uma reação à música, porque a música é muito enérgica."

Natural ou não, é uma força potente, e, como se pode esperar, ocasionalmente os coloca em encrenca. Último março, durante uma performance em Daytona Beach, Fla., o baixista Michael "Flea" Balzary e o baterista Chad Smith foram presos depois de pularem na audiência e, segundo o serviço de notícias, agredir uma mulher.

Frusciante disse que ele não pode falar sobre esse episódio por causa de litígio. Mas falou que o incidente "saiu de proporção pela imprensa. Qualquer um que nos entende sabe que nunca faríamos nada para machucar alguém... Nós somos "paz e amor."

Notícias da imprensa, de qualquer maneira, o episódio foi retratado como nada além de um festival de amor. Serviços de notícia relataram que durante o show Balzary pegou uma mulher e começou a girá-la em seus ombros, enquanto Smith puxou seu maiô para o lado e começou a bater em sua nádega. Quando eles caíram, balzary ajoelhou sob as pernas da mulher e gritou obscenidades a ela antes que ela chorasse por ajuda e a banda fosse escoltada para fora.

Frusciante conta uma história um pouco diferente. "Nós todos fomos para a platéia porque nós estávamos fazendo playback, e quando fazemos playback de algo, não gostamos de fingir que estamos realmente tocando. Fazemos piada com isso. Nós pulamos na platéia, e estávamos fazendo essa coisa de um cara sentar nos ombros do outro."

Frusciante reconhece que uma mulher na audiência foi eventualmente envolvida nessa coisa de "sentar nos ombros", mas ele insiste que não houve malícia.

"Não houve intenções cruéis," ele diz. "Ela não foi ferida. Ninguém foi machucado."

"Eu não gosto de ser pensado como um sexista ou chauvinista, ou o que seja," Frusciante continua, "Eu sou um cara bastante amoroso, e assim é todo mundo na banda. É meio deprimente sermos retratados como o contrário,"

Sem desculpas pelo comportamento, deve-se ser notado que o caso de Daytona exclui o que é a dimensão mais importante no fenômeno Peppers, isso é, sua música. Foi chamado de funk-metal ou punk-psicodélico, mas nenhum desses rótulos descreve a fúria Dionisíaca do som único do Peppers.

Frusciante Soa completamente sério quando ele diz que seus mentores musicais vão de Hendrix para Stravinsky para o The Germs. Ele descreve a música da banda como "emocionalmente complexa. Não é o tipo de música que você coloca enquanto faz suas refeições. Não é música de fundo."

Realmente não. O Peppers produz ritmos pulsantes de metralhadora, com vocais uivantes e guitarras estridentes. Ainda assim, Frusciante gosta de pensar que há sutilezas em sua música.

"Woody Allen disse: 'Qualquer coisa que vale a compreensão, não pode ser entendido com a mente'. Isso vale para a nossa música. Nossa música não é unidimensional. Não é heavy metal. Não é punk. Não é funk. Não é só um estilo. É uma expressão de nossas vidas, alegrias e tristezas."

Um ouvinte casual vai provavelmente perder essas nuances, mas seria um erro concluir que os bombásticos estilos musicais e as palhaçadas selvagens no palco reflitam uma falta de conteúdo lírico.

"Nossas letras abrangem desde a luta dos Índios Norte Americanos nas reservas até o prazer de simplesmente estar com uma garota bonita. Ou as alegrias da amizade."

Não importa o que você pode pensar sobre o Peppers - tanto musical quanto moralmente - não há duvidas de que eles são uma das maiores bandas dos 90's. O seu mais novo álbum, "Mother's Milk, foi disco de ouro e deu origem a dois singles, "Knock Me Down" e "Higher Ground".

Essas armadilhas do sucesso não são perdidas em Frusciante.

"Eu estou bem feliz. Estou feliz com o fato de sermos uma das maiores bandas de todos os tempos, e certamente uma das maiores do mundo agora."

E ele adiciona: "Eu acho que estou fazendo um grande serviço para a humanidade."

--- Brett DelPorto


Fonte: Deseret News - Maio de 1990

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