Josh Klinghoffer concedeu uma entrevista para a Rolling Stone que foi publicada ontem. Nela, Klinghoffer refletiu e esclarece ainda mais os acontecimentos no Red Hot Chili Peppers - podemos notar que partiu de John Frusciante o desejo de voltar para banda e que essa reaproximação começou há algum tempo. A tradução para o português ficou por conta de Felipe Freitas.
No último dezembro, o ex-guitarrista do Red Hot Chili Peppers, Josh Klinghoffer, recebeu uma mensagem de Flea, pedindo que ele fosse à casa do baixista em Los Angeles para "discutir o estado das coisas". De cara, Klinghoffer sentiu que algo estava errado. A banda estava indo fundo na composição do sucessor do álbum The Getaway (de 2016) e Klinghoffer, que em 2009 substituiu o guitarrista de longa data do grupo, John Frusciante, achou que o encontro seria mais para tratar de questões da gravação e agendamento de turnês. Ainda assim, "quando recebi a mensagem meu coração se afogou um pouco", diz ele em sua casa em Los Angeles. "Havia algo no ar e a monotonia daquele dia de dezembro que me dizia... lembro-me de pensar que tudo isso poderia desaparecer."
Quando ele chegou, Flea, o cantor Anthony Kiedis e o baterista Chad Smith estavam esperando no quintal de Flea, prontos para dar a notícia de que Frusciante se juntaria novamente ao grupo e que os serviços de Klinghoffer não eram mais necessários. "Foi um choque total", diz ele. "Mas não estou surpreso."
Klinghoffer, admite por sua própria natureza, sempre foi o cara quieto em um grupo de personalidades fora de tamanho, juntando-se à banda como guitarrista de turnê antes de se graduar como membro em tempo integral no álbum I'm With You de 2011. Com sua década de duração no Chili Peppers passando agora pelo retrovisor, ele irá se focar em seu projeto solo Pluralone - seu álbum de estréia, To Be One With You, foi lançado em novembro passado - e abrindo para o Pearl Jam quando a turnê americana deles começar em 18 de março.
"Estou empolgado com isso e um pouco petrificado porque eu nunca fiz isso", diz ele sobre sua próxima aventura solo ao vivo. "Tocar sozinho não é necessariamente algo que eu pensaria em fazer. Na minha personalidade eu não tenho necessariamente a coisa de 'Ei, olhe para mim, estou fazendo isso sozinho'. Mas é uma oportunidade incrível apenas para fazer música em um novo contexto; é um dos contextos mais loucos que você pode imaginar."
Mas antes que ele olhe para o futuro, o membro mais jovem do Hall da Fama do Rock ainda está processando sua separação dos Red Hot Chili Peppers e os 10 anos que passou com uma das maiores bandas de rock em décadas.
Me acompanhe ao longo do dia da sua demissão.
Recebi a mensagem do Flea no dia anterior, a gente tinha colocado a composição do disco em pausa por um tempo e apenas pensei que estaríamos voltando ao balanço das coisas. Finalmente havíamos chegado à decisão em comum de que faríamos um disco e eu pensei que era sobre isso que iríamos falar principalmente.
Eu cheguei por último. Eles estavam todos sentados no quintal e Flea parecia sombrio quando cheguei à porta e ele foi direto até ela e disse: "Decidimos pedir pro John voltar", e eu me sentei em silêncio por um segundo e disse: "Não estou surpreso. Eu gostaria de poder ter feito algo que tornaria isso uma impossibilidade. Mas estou realmente feliz por vocês. Estou feliz por John." Eu quis manter o sentimento que tive naquele momento, que era apenas o amor por esses caras. [Pausa] Eu amo esses caras profundamente. Eu nunca me vi merecendo estar lá no lugar do John.
Eu tive essa jornada incrível com aqueles caras que me trouxe até este momento onde ela estava terminando. Eu fui capaz de me agarrar no fato de que eu tinha de verdade muito amor, respeito e gratidão por tudo o que eles me permitiram experienciar com eles o tempo todo. Então no momento em que eles me disseram, eu pude congelar essa emoção e proteger esses sentimentos em relação a eles, e não ficar, um ano depois quando [e se] minhas finanças estiverem ficando complicadas, tipo: "Aqueles caras!"
Você pode compartilhar o que Anthony disse?
Foi mais o Flea falando. Anthony não falou muito. Mas pude ver nos olhos dele que foi uma decisão muito dolorosa. E eu penso no Anthony como sendo uma pessoa muito sensível e solidária. Ele é muito paterno e eu pude ver que ele estava preso entre o seu habitual desejo de apoiar e cuidar de alguém e ter que cortá-lo fora. Eu acho que tudo vem da conexão de Flea com John.
Quanto tempo durou o encontro?
Eu provavelmente estive lá por cerca de 35 a 40 minutos. Eu disse: "Minha natureza é de me levantar e ir embora, mas há um peso que me mantém aqui pois essa é a última vez que estaremos apenas nós quatro e só quero ficar aqui sentado por um minuto." Nós todos nos abraçamos e Chad me mandou uma mensagem antes mesmo de eu chegar em casa. Ele ficou realmente de coração partido com a coisa toda, porque Chad e eu somos muito bons amigos. Passei o dia inteiro mandando mensagens porque eles divulgaram a declaração no Instagram [divulgando a demissão de Klinghoffer] uma hora depois [da minha demissão].
Você sabia da declaração deles?
De modo nenhum.
Você não teve nenhum papel na elaboração disso?
Nããão. Não, não, não. Foi em menos de uma hora depois do que aconteceu e na hora pensei: "Uau, isso é loucura." Flea colocou isso lá; foi claramente escrito por ele. Fiquei totalmente surpreso. E parece exatamente como um anúncio de morte. De certa forma, isso me salvou de ter que contar às pessoas. Então eu apenas fui para casa com meu café e me sentei do lado de fora no quintal e mandei mensagens de texto para as pessoas pelas próximas três horas sem parar. Realmente pareceu uma morte, mas quantas vezes você sai de uma morte e vive o resto de sua vida? Então eu sentei lá no quintal com um coração muito pesado; foi de verdade uma tarde emocional e isso só é algo que, para mim, é agradável de sentir, porque eu realmente não consigo desacelerar e sentir as emoções por muito tempo.
Você sabia que John estava em contato com a banda enquanto isto estava acontecendo, ou você só descobriu depois da sua demissão?
Eu não sabia que John estava conversando com eles sobre voltar à banda. John entrou em contato com Anthony [cerca de 18 meses atrás] e eles jantaram - isso foi uma surpresa - e então John procurou nosso gerente de turnê. Ele definitivamente estava mostrando um pouco seu rosto ao mundo dos Chili Peppers apenas com e-mails e pedindo desculpas pelo seu comportamento passado. Então, toda vez que eu ouvia uma história sobre isso, pensava: "O que ele está fazendo? Ele quer voltar?"
Lembro-me de uma vez em que Flea e ele foram a um evento juntos, algo como uma luta de boxe, e havia fotos deles na internet que ouvi falar e fiquei tipo: "Isso poderia acontecer? Isso aconteceria?" E é algo que eu totalmente teria pensado: "Eu sei o que ele está fazendo: ele está tentando voltar." E eu provavelmente teria me preparado para mais e talvez até tivesse levado isso pessoalmente até esses caras. Mas basicamente no fim das contas, foi total um ataque de surpresa.
Como é que você não foi até o Flea e disse: "Devo me preocupar?"
[Pausa] Porque estávamos tão longe na composição de um novo disco e eu senti como se houvesse um calendário. Havia um álbum que estava com mais da metade escrito. Mas acho que abaixei minha guarda porque achei que tínhamos um tanto de trabalho feito. Se isso fosse no final de um ciclo de turnê e todo mundo não tivesse se visto em um mês e John estivesse se disponibilizando, eu teria pensado: "Uh-oh, o que está acontecendo? Talvez isso seja uma eventualidade para qual eu precise me preparar." Mas estávamos tão longe num trabalho.
Isso soa como se você estivesse namorando alguém e descobrisse que esse alguém estava jantando com uma ex.
É, totalmente. Eu não sabia que John e Flea estavam saindo juntos no nível em que deveriam estar. Porque quando eles me contaram naquele dia [em que fui demitido], eu disse: "Bem, não estou surpreso." E Flea disse: "Bem, acho que você sabe, eu tenho saído com John... tocado." Eu disse: "Eu não sabia que vocês estavam tocando." É simples assim.
No centro de todos esses eventos, John e Flea criaram uma linguagem musical e uma camaradagem um com o outro quando John era um adolescente. A banda ainda não era tão bem sucedida. O [guitarrista fundador] Hillel [Slovak] tinha acabado de morrer. Eles estavam em um lugar bem diferente em suas vidas, e estavam dispostos e capazes de criar uma linguagem e uma conexão musical um com o outro que é muito profunda e significativa. Como em um relacionamento com aquele amor ardente que você sempre vai ter.
Então é como deixar uma ex voltar à sua vida?
Exatamente. E você sempre olhará para aquela ex e vai deixá-la voltar e eu não posso, por um segundo, me dar qualquer privilegio de estar acima desse relacionamento musical porque eu era fã disso, vi isso em primeira mão, toquei essas músicas por anos e era um fã da maneira de tocar do John. Eu queria poder ter criado algo com a banda que impossibilitasse isso de ter acontecido, mas o que isso realmente era, era querer ter criado uma linguagem musical com Flea similar à que ele tinha com John. Se isso tivesse acontecido cinco anos atrás, provavelmente teria me destruído.
Por que você diz isso?
Porque isso teria confirmado todas as minhas piores intuições sobre o quanto eu sou péssimo e o quanto sou inútil como pessoa. Eu teria sucumbido aos pensamentos negativos que nossos cérebros adoram lançar contra nós. Mas agora, depois de fazer isso por 10 anos e basicamente escrever três álbuns com eles, me deram um certo espaço para evoluir. Como se você só pudesse fazer esse tanto num relacionamento enquanto eles estão limitados de ter o John mesmo. Estou muito orgulhoso do que realizei com eles musicalmente e pessoalmente com a mão que me deram quando entrei e tendo feito o que fizemos. Estou realmente orgulhoso disso, em vez de, se isso fosse há cinco anos, eu teria pulado da porra de uma ponte.
E a natureza das substituições é que você sempre será comparado ao seu antecessor.
Quando eu entrei para a banda, mal estava tocando guitarra. Eu não tenho rede social, mas sei que a internet adora me comparar com John e falar sobre o quanto não me comparo a ele. Eu sempre pensava: "Vocês não entendem". Eu mal estava tocando guitarra e poder chegar e fazer isso tudo é a maior conquista diante dos meus olhos, porque nunca fui guitarrista. O fato de que eu estava sendo criticado e comparado o tempo todo era realmente engraçado.
Você acha injusto que os fãs comparem vocês dois?
Eu não diria injusto. É compreensível, mas se eles entenderam o que eu trouxe para a banda em diferentes níveis além de musicalidade. O fato de eu poder entrar no Chili Peppers e fazer com que todos se sintam como se nada tivesse mudado porque eu já havia estado lá antes. Eu também pude ter uma linguagem musical - não a mesma que a de John - mas começar a criar uma e ser amigo de todos. Eles tem sido uma banda por muito tempo; houve conflitos pessoais, houve muitas emoções, e eu pude aliviar isso e permitir que a banda continuasse.
Quando você olha para trás agora, havia qualquer sinal concreto de que eles iriam dispensá-lo que você acha que ignorou?
Eu não diria sinais concretos. Eu sei que o centro é a relação musical entre a guitarra e o baixo e John e Flea. Acho que sou amigo de todos esses caras de uma maneira ótima e profunda e o relacionamento que tivemos como pessoas, o tanto quanto você pode ter com alguém com 18 anos a mais que você, era algo realmente especial. E acho que eles sabem o quanto eu os amo. Eles se preocupam comigo e criamos algo realmente especial. John e Flea, independentemente de estarem se dando bem ou não, têm essa coisa que eles criaram em um momento diferente de suas vidas e não há como eu conseguir criar isso. Quando cheguei e comecei a tentar fazer isso, era 2009. Eles eram pessoas diferentes. Eles têm filhos. Eles eram agora muito bem sucedidos. A quantidade de tempo e vontade que você tem pra sentar e criar isso - basicamente começar a namorar alguém de novo - é diferente.
Você leva a decisão deles pro lado pessoal?
Não. Porque eu sei que eles se importam comigo e sei que eles gostam de mim como pessoa. Se eles dissessem: "Obrigado, Josh, nós gostamos de estar numa banda com você, mas agora vamos contratar essa pessoa", isso teria sido uma métrica totalmente diferente. É o John. É o cara que eu tanto adorava. Tivemos uma amizade muito especial por um tempo, onde gravamos juntos, saímos juntos e aprendemos músicas dos Beatles. Nunca haverá nenhum momento em que eu possa olhar para trás e pensar que isso foi ruim. A única coisa é que, é meio louco, em um instante, remover alguém de alguma coisa... É como "Oh, você tem isso e agora você não tem."
Você previu estar na banda por muito mais tempo.
Pelo menos por uma turnê a mais, certo? Porque nós estávamos compondo outro álbum. Eu nunca fui bom com dinheiro e adoro gastá-lo, mas desta vez pensei: "É, por quanto tempo mais isso pode continuar? Esses caras estão envelhecendo. Não parece que eles gostam de fazer turnês por muito tempo... Eles não fazem isso como costumavam fazer. Dessa vez serei um pouco mais responsável e guardarei algum dinheiro" - fazendo tudo isso com as vozes de seus pais em sua cabeça. Eu não penso nesse sentido - eu sou um tanto criança quando se trata disso e sempre fui assim e estar na banda deles me permitiu ser assim. E foi uma coisa linda. Mas eu estava ficando mais velho agora. Tenho 40 anos, tipo, ok, talvez eu deva ser um pouco mais responsável. Mas no fim das contas, eu estava realmente ansioso para fazer mais um disco.
Em retrospectiva, quais são seus pensamentos sobre os dois álbuns que você gravou com eles?
Eu particularmente não apreciei os dois discos. Eu gostei das músicas e acho que escrevemos algumas músicas muito legais juntos, mas eu sou um saco. Rick Rubin era o produtor [no I'm With You]. E a razão pela qual eu não queria trabalhar com ele na segunda vez [a banda estava conversando para Rubin produzir o novo álbum] foi porque eu senti que os quatro tinham um relacionamento e eu era o cara estranho ali. E aqui estou eu tentando me juntar e é difícil ter uma voz que seja supostamente igual quando você tem esse relacionamento de mais de 25 anos e eu sou esse novo pequeno insignificante no canto dizendo: "Não, acho que não deveria mudar ali. Deveríamos fazer mais uma vez." Assim ninguém na banda vai me ouvir; eles vão ouvir o amigo que conheceram, trabalharam e colaboraram com sucesso por épocas. E não é como se isso fosse uma coisa ruim. Isso faz todo o sentido. Mas estou tentando ser um artista nesse ambiente com a mão que me foi dada; Eu tenho mais músicas escritas e um monte de idéias que ninguém nunca vai ouvir, porque apenas há muito tempo para conseguir isso.
Então, na segunda vez [no The Getaway], trabalhamos com Danger Mouse [também conhecido como produtor Brian Burton]. Brian é um bom amigo meu, mas o principal pra mim era que não queria mais trabalhar com Rick. Brian é fantástico, mas no fim das contas, esse disco acabou funcionando de um jeito em que ele era produtor, e então Flea era o cara que começou a banda no ensino médio. Quem sou eu nessa triangulação? Eu nunca senti que foi fácil lutar pelo que eu queria naquele disco, então esse disco acabou sendo um monte de músicas que eu gostei, mas eu não fiquei feliz com o som dele. E então eu estava realmente ansioso para tentar mais uma vez fazer um disco do qual eu ficasse super orgulhoso.
Quão fundo no processo de composição e gravação do novo álbum vocês estavam?
Nós não estávamos no processo de gravação ainda. Estávamos apenas compondo e começamos no final de 2018 e continuamos em pequenos espaços de tempo. Após um mês, quase perdemos a casa em que estávamos trabalhando e todo o nosso equipamento naquele terrível incêndio, mas felizmente isso foi poupado. Trabalhamos um bom tanto durante todo o ano de 2019, mas houve bastante começa e para.
Você acha que eles vão simplesmente jogar fora tudo o que foi escrito?
Tudo isso.
Isso faz você se sentir como?
Triste. Sou zen no fato de que, no fim das contas, eu respeito qualquer uma das decisões deles, fico feliz por eles e fico feliz que eles estejam tocando juntos e fazendo o que estão fazendo. Estou triste por músicas que escrevi com eles que não apareceram no I'm With You . Foi o que aconteceu com Brian: tínhamos feito 40 ou 50 músicas e seu estilo de produção é que ele gosta de criar músicas do zero e eu fiquei tipo: "Temos todas essas músicas". Então, ele escolheu algumas das nossas que mais gostava. E então nós fizemos algumas do zero com ele no estúdio, o que foi divertido e legal. Mas a mágica do Chili Peppers é que - e é cada vez mais raro hoje em dia - são quatro caras em uma sala tocando e então eles mais ou menos gravam eles ao vivo. E isso é basicamente o que eu queria fazer. Eu simplesmente não queria fazer isso com [Rick Rubin] quem me fez sentir como alguém de fora e é o tipo de pessoa que realmente não tem a habilidade ou o cuidado de nutrir um novo relacionamento.
Como você esperava que o álbum jogado fora soasse?
[Pausa] Eu sempre estava esperando pela música bruta e enérgica do Chili Peppers. Há uma parte de mim que queria que soassem como em 1986, talvez com duas ou três lindas baladas em um disco, mas basicamente eu estava sempre tentando fazê-los soar como a turnê do The Uplift Mofo Party Plan de 1987/88. Meu único arrependimento é que, de alguma forma, sinto que [pausa], é como se os discos que gravamos durante minha estadia na banda fossem de minha responsabilidade e isso é... não sei necessariamente o quanto tive a ver com isso.
Você não via John há dez anos até o casamento de Flea em outubro passado. Ele te procurou antes que a banda o dispensasse?
Entrei em contato com ele no meu aniversário quando estava no Brasil, porque sabia que o veria pela primeira vez em uma década e disse: "Ei, eu só quero que você saiba que eu te amo profundamente e que sempre te considerei um amigo. E eu sei que vou vê-lo em breve, então espero que você esteja bem." Ele escreveu de volta; eu não consegui nem entender direito o que ele disse. Às vezes, a sintaxe das pessoas não faz muito sentido quando elas digitam. Nos vimos 17 dias depois e foi breve, mas cordial. Mas então todo o resto do dia foi meio estranho. Tenho certeza de que, naquele momento, na cabeça dele ele sabia o que estava no horizonte.
Você teve algum contato com ele desde a seu desligamento?
Não. Não há razão para eu contatá-lo. Quero dizer, se ele me procurasse, eu ficaria surpreso.
Você almoçou com Flea cinco dias após a demissão. Como foi isso?
Bem, apenas foi muito doce. Nós tivemos um momento muito legal. Isso nunca aconteceu dessa maneira onde houve uma alteração de membro em circunstâncias definidas; sempre foi na sequência de um trauma ou uma tragédia. Então, para eles demitir alguém que eles amam e se importam e com quem eles gostaram de estar juntos numa banda foi muito difícil. E provavelmente teria sido mais fácil para eles se, quando me contassem, eu começasse a gritar e a dar socos. Há uma tristeza em torno da coisa toda e o tom sombrio da postagem do Instagram era meio que duplicante. Foi tipo: "É, estamos animados por o John voltar. Mas nós gostamos de estar próximos desse cara por 10 anos." A coisa toda tem uma tristeza e é isso que a torna ainda mais estranha.
Parece clichê, mas realmente soa como um rompimento romântico.
Ah, sim, absolutamente. A analogia é perfeita e é quase banal como é perfeita. Mas é como se você estivesse namorando alguém; você os ama e se preocupa com eles. Ou você diz a si mesmo que os ama. Mas talvez você também esteja no mesmo plano de seguro de carro e ele simplesmente funciona. E então seu ex sexy volta e não está mais em um lugar escuro. E o que você teve com eles e criou com eles fala a respeito de outra época; isso significa mais vendas de discos. [Risos] Isso faz um pouco mais de sentido. Como se você estivesse um pouco mais perto da idade; só isso, já é como se você pudesse se comunicar mais. Mesmo que em dois anos o relacionamento deles volte a azedar, há algo familiar. Então, sim, eu sou aquela pessoa que você ama e se preocupa, mas eu não estava lá em 1988.
Olhando de fora, você sempre pareceu ocupar um espaço estranho de celebridade, sendo o cara quieto numa banda de personalidades fora de tamanho.
É estranho pra inferno. E se eu der um passo para trás, é incrível e não acredito que essa é a vida que estou vivendo. Meu amigo disse uma vez: você pode entrar em uma hamburgueria In-N-Out e ninguém sabe quem você é. E isso é insano. Isso é incrível. Acho que fizemos quatro sessões de fotos enquanto eu estava na banda. Nós mal fizemos essas coisas. Foi uma coisa tão louca que tive por 10 anos. Há todas essas fotos tiradas; minha mãe não tem esse tanto de fotos minhas. Então, o fato de que de repente me pedem para tirar fotos com as pessoas é a coisa mais louca.
Você vê um momento em que tocaria com eles novamente como convidado ou membro permanente?
Sim, é claro. Eu os amo como pessoas e sempre quero tocar com meus amigos e isso é tudo que eu sempre quis. Eu só queria estar em uma banda desde os meus 12 anos. E eu tive um pouco disso por 10 anos.
Você tem alguma mensagem para os fãs?
Essa foi a melhor coisa de eu estar em uma banda como essa; Eu posso muitas vezes não ter olhado para a platéia, o que geralmente não faço mesmo, e apenas focar no que estava acontecendo no palco e com a banda. E a banda já tinha fãs, então eu não precisava me preocupar tanto em me conectar com eles. Eu poderia fazer isso apenas tocando. Então o fato de eu ter fãs ou das pessoas gostarem do que eu trouxe para a banda é uma coisa bonita e não posso expressar minha gratidão e meu amor por eles o suficiente. Para quem gosta de qualquer coisa que eu fiz, ou para quem se preocupou comigo nesse processo ou para quem acabou de saber quem eu era por estar na banda e não ter repulsa, estou totalmente, totalmente agradecido. E eu aprecio muito e espero que eles ainda estejam interessados, porque eu não me vejo parando de tocar música.
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