26 de julho de 2017

Magic John - Maio de 2001


"Sempre que alguém entra na minha casa agora, eu peço que eles ouçam minhas novas canções – mesmo se eu as tenha escrito por acaso, pego meu violão e canto para eles." Os hóspedes recentes de John Frusciante são sortudos.

A primeira vez que visitei o guitarrista, em sua casa no subúrbio de Hollywood, ele vomitou nele próprio. Mas Frusciante teve um longo caminho desde o início dos anos noventa, quando ele foi do céu ao inferno com os Peppers – o que o deixou fora de controle.

Os problemas de Frusciante levou à sua saída da banda em 1992, mas o bom comportamento o levou à sua reintegração em 1997. E agora está limpo, sem drogas, e aproveita o sucesso recente do álbum, Californication.

Enquanto sua musica caminha de forma estranha e serpenteante nos seus dois primeiros discos, To Record Only Water for Ten Days (Warner Bros.) é álbum semi-acústico, com sintetizadores e baterias eletrônicas no melhor estilo anos 80. Músicas mais calmas e intimistas. Longe dos Peppers, John Frusciante apresenta um lado mais contemplativo que pode surpreender muitos.

É notável que sua técnica cresceu muito em uma década, mas como pessoa, ainda continua como uma incógnita para nós. Afirma que o To Record Only Water for Ten Days é uma tentativa de se conectar ao mundo espiritual.

[...]

Está bem acompanhado então. Como William Blake e Carlos Santana descreveram ter algum tipo de incorporação, mas só John Frusciante poderia ter feito desta maneira, gravando sons para purificar o ambiente ao seu redor.

Quando o seu contato com o mundo espiritual começou?

"Comecei esta experiência de maneira involuntária, através da música e da maneira como as energias dialogavam em seu corpo pela arte, por forças naturais, coisa meio 6º sentido, I see dead people e tal... quanto mais ele confiava, mais eles apareciam...prevendo o que iria acontecer em alguns minutos e tal...através destas vozes, que não viviam presas ao espaço e tempo, mas se alimentavam através das pessoas que viviam presas ao tempo. Então em 1992, decidiu se aventurar em planos astrais, coisas que geram muita concentração..."

Drogas te fazem mais ou menos receptivo a este mundo espiritual?

"Eu as vi de ambas as formas. Existem melhores e mais seguras formas de se aventurar nesta. Em minha experiência, as drogas eram definitivamente um modo bom de estar fora do mundo real e entrar de ponta-cabeça em um mundo, que não tem nada haver com o material. Mas entramos em planos espirituais, que sugam muita energia do material, pelas drogas. E eu tenho uma vida dentro de mim, muito rica e enérgica neste mundo material agora.

Assim foi para mim, poucas pessoas tem a chance de parar por 5 anos nestas questões. Eu a tive porque tinha dinheiro e tempo. Mas eu voltei agora para o mundo. E pelos últimos anos sem tomar nenhuma droga, eu achei um modo para sentir me mais alto do que antes e cultivar sentimentos melhores do que eu queria quando usava drogas. Há um modo para fazer isto. Tem que ver como se purificar, se alimentando e fazendo exercícios saudáveis. E há outras coisas, como ser puro internamente. Eu penso que isto é a maior razão para se fazer música, não me importo com dinheiro, que se foda. E minha felicidade não depende de sucesso. Eu ainda me amo de qualquer modo, em qualquer situação."

O título do álbum me remete à estar em jejum.

"Originalmente, isso é o que ele significou para mim. Mas eu comecei a perceber que aquele jejum era talvez o modo de um guru na Índia, pudesse se purificar. Mas se alguém teve a vida que eu tive, iria levar muito mais tempo. Assim o título do álbum é uma referência ao que eu tive que fazer para mim purificar. Está como imaginar o corpo da pessoa como um registrador de fita e o que pretenderia registrar só água durante 10 dias ou qualquer período de tempo. Eu fui infestado assim oito anos atrás com todos os tipos de narcóticos, que era realmente necessário eu ter uma certa quantia de batalhas para se limpar. Fiz isto para refletir lugares no Universo que são realmente maravilhosos."

Mas você não registrou água de fato a qualquer ponto?

"Não. Mas para mim, a música nele é tão pura quanto se você estivesse escutando os sons de água. Porque eu me purifiquei para isto."


Fonte: Guitar World - Maio de 2001

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