O uso de elementos do Trovadorismo galego na obra de John Frusciante
Por: Luís Bandeira
Muitas páginas da internet atribuem à obra de John Frusciante como o principal gênero - entre outros - o experimental music, concordo que o gênero seja uma atribuição descente pra um músico a quem não conseguimos designar um gênero ou estilo conciso, talvez poderíamos distinguir de um álbum ou outro. Não há dúvidas que John é um dos artistas mais versátil e genial deste século, a sua capacidade de promover música de diferentes pontos de vista se utilizando de elementos de diferentes gêneros e por cima disso trazendo aos nossos ouvidos algo totalmente inesperado é o que motivou este artigo.
John Frusciante já falou em algumas entrevistas sobre seus ídolos, e baseado em seus covers também dá pra ter ideia de quais são suas influencias, mas algo que eu particularmente percebi foi o apelo da musica medieval em algumas de suas canções, mais propriamente o Trovadorismo Galego que estudamos sobre nas aulas de português no ensino médio. Não tenho como dizer se essa inclinação (musicalmente) ao trovadorismo surgiu de forma consciente por parte dele ou se foi apenas uma convergência dada ao acaso.
- Versos cantados e seguido à risca pela melodia instrumental.
Ex: Ouça o verso “When we meet again I will not be there” de "Repeating";
“The gods of the city have called my name” de "Anne".
- Melodias fechadas e repetitivas arpejadas com escalas descendentes que obedecem bem à pentatônica. Ex: "I Will Always Be Beat Down" e "The Days Have Turned".
- Finalização de estrofe descendente, que marca de forma dramática o fim de um verso. Ex: "Ascension" e "Chances".
- Calmaria e sussurros após uma estrofe clímax que carrega grande tensão. Ex: "The World's Edge" e "Control".
- Melodia de canto com grandes variações em uma pequena frase preenchida com uma base harmônica simples e repetitiva, comuns nas cantigas de amor. Ex: "How High", "A Doubt" e "Time Tonight".
- Declamação imponente de um verso em um compasso rítmico irregular (diferente de 4x4), comum nas cantigas de herói. Ex: "Leap Your Bar" e "Here, Air".
Sinto muito essas influências no álbum Curtains que é um dos meus favoritos, inclusive!
ResponderExcluirBela análise. Sempre entendi determinadas melodias de Curtains como simplesmente "barrocas". Vejo agora que as características delas apontam para coisas mais específicas, até de um pré-barroco.
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