Minha primeira memória de escutar uma música e realmente senti-la com meus próprios sentimentos e não os da minha mãe ou do meu pai foi na casa de um vizinho - as luzes estavam apagadas na sala de estar dele e era um disco de Cat Stevens que estava tocando. Eu só tinha quatro anos, mas eu pude sentir que aquela música se conectava comigo, minha alma e a minha vida de uma maneira muito direta e profunda. Eu sempre tinha escutado como se fosse algo soando fora de mim - dessa vez era como se a música estivesse tocando na minha cabeça, dentro de mim.
No dia que eu comecei a tocar guitarra eu escrevi trinta canções punk uma atrás da outra - a música já estava lá dentro. Eu só precisava aprender a tocar um instrumento. O punk não era intimidante como Jimmy Page ou quem fosse. Qualquer um podia fazer. Assim que eu comecei a escutar esse tipo de música, eu peguei um violão - eu nem me importava se não era uma guitarra. No começo eu queria tocar guitarra - mas meus pais não quiseram me comprar uma. Eles não achavam que eu iria gostar. EU PRECISAVA TANTO FAZER AQUILO QUE EU NEM ME IMPORTAVA EM SER FORÇADO A TOCAR PUNK ROCK NUM VIOLÃO.
Meus gostos se encaminharam para sons mais artísticos - Eno, David Byrne, Talking Heads, Laurie Anderson, e King Crimson. Rock progressivo e rock artístico. Eu gostava de Bowie e de Yes, e eu escutava muito Frank Zappa, o dia todo, todo dia, estudando a música dele e tocando acompanhando os seus discos. Quando eu tinha quinze ou dezesseis anos eu sabia uns bons noventa minutos de repertório de canções bem complicadas do Zappa. A maioria sendo dos seus trabalhos solos dos anos 70. Algo tipo "The Black Page". Eu sabia tocar as músicas dele muito bem na guitarra. Era uma maneira de eu ganhar confiança, porque eu achava que se eu conseguia tocar isso, eu poderia fazer o que eu quisesse.
Fonte: An Oral/Visual History - Red Hot Chili Peppers with Brendan Mullen (página 118)
Tradução: Pedro Tavares
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