30 de setembro de 2017

Dave Mail 105: The story of the '61 Shell Pink Jazz Bass


Dave, I was wondering about that story you mentioned, of how you helped Flea get his Fender Jazz Bass, and how it was a crazy one. I'd love to know it, can you tell me?



Dave Lee: "Kind of a long story.


Flea had somehow released on social media that he was looking for an old Fender Jazz Bass. Soon after, we were touring Australia. This guy shows up at the backstage door of one of the shows in Australia with a guitar case. Says he has a Jazz Bass for Flea. I don't want to be cruel, but the guy was somewhat "odd". Unusually soft spoken. And "different". But nice. He said he had bought this rare '61 Jazz Bass from a reputable dealer in Seattle (a dealer I was familiar with). He showed me the paperwork. I don't remember the exact price, but it was very expensive. I seem to recall well in excess of $20,000. I could tell right away it was the real deal.


I said, "You flew all the way to Australia to try to sell a bass to Flea?". He says "No. I just want to trade it for one of Flea's Modulus basses". I said "Do you realize Flea gets those basses for free, and you could just buy one for about 12 hundred dollars?". He said, "I don't care. I play in a band kind of like Gwar (yes, "Gwar") and this bass has the wrong sound. I want a Modulus that was Flea's. I'm also very rich. I started a website that I recently sold for millions of dollars. So the financial loss doesn't matter to me". Then he adds... "And can you give me backstage passes for the rest of these Australia shows?... as long as I'm here?"

I brought him and the bass to the dressing room. Flea obviously fell in love with the bass immediately. And although Flea had reservations about the deal because he felt like the guy wasn't getting a very good deal, the guy insisted. So. The guy took one of the Modulus basses and that was that.

He followed us around for the rest of that Australian leg. But kept to himself mostly. That's the story as I remember."


Information:

Flea with the signature version of his '61 Shell Pink.

In 2016, Fender released a Flea signature model inspired in his '61 Shell Pink Fender Jazz Bass. To know more, click here.



Question by:
- Pedro Tavares - Maceió, AL - Brazil

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"A criatividade é a natureza de quem somos" - Abril de 2014

O que é criatividade?

"A criatividade está em todos os lugares, o tempo todo. É a natureza de quem somos. Quanto à criatividade artística, eu acho que muita gente coloca isso à frente de tudo e imagina que é algo que não conseguem entender – mas é a coisa mais natural do mundo. Claro, há muitas maneiras que você pode trabalhar contra ela, que não ajudam, como olhar para a sua arte como algo que você deseja receber algo de volta do mundo. Assim você não está no modo de criatividade mais – você está em modo de receber atenção ou algo assim. Tendo estado neste mundo por muito tempo, tenho notado que normalmente guitarristas que praticam muito e estudam muito antes de se tornarem famosos, quando se tornam famosos, param de estudar e apenas congelam. Eles vão dizer: “Ok, isso é o que todo mundo gosta em mim, então é isso que eu vou ser”. Para mim, isso acontece quando o relacionamento com a criatividade termina."


Fonte: Guitar Player - Abril de 2014

29 de setembro de 2017

Californication: O jogo mais aguardado do mundo

Escrito por Bruno Fonseca - Red Bull Games


O Red Hot Chili Peppers fez um dos melhores clipes dos anos 2000, mas a questão nem é essa. Tudo que queremos é ver o lançamento do game de Californication!




Há quase 20 anos, o sétimo álbum da banda norte-americana Red Hot Chili Peppers, era lançado. Californication foi um dos álbuns mais bem sucedidos do grupo. Ele está na lista dos 200 álbuns definitivos da Rock and Roll Hall of Fame e, o terceiro single, o que dá o nome ao álbum, foi o mais importante desse trabalho.

Lançada em 20 de maio de 2000, Californication fala principalmente do lado obscuro de Hollywood, da exportação de cultura por meio da indústria cinematográfica, do declínio da sociedade ocidental, de pornografia, cirurgia plástica, além de abordar os ícones da cultura pop como Star Wars, Kurt Cobain e David Bowie, por exemplo.



A LETRA

A letra foi escrita pelo Anthony Kiedis (vocalista da banda) enquanto ele estava de férias na Índia. Segundo o que ele contou em sua autobiografia, Scar Tissue, foi uma das musicas mais difíceis de compor, porém uma das melhores letras que ele já escreveu na vida. Mas pra sair do papel e ganhar o espaço mais importante no álbum Californication, ela contou com a ajuda iluminada do guitarrista John Frusciante. Inspirada em "Carnage Visors", do The Cure, Frusciante entrou no estúdio e de bate pronto tocou a musica pros caras do jeito que ele imaginava que ficaria legal. Todos curtiram a melodia e a pegada que Frusciante trouxe para Californication, e a canção acabou se tornando um dos maiores sucessos do grupo.

Mas fora o contexto de sua criação e de toda a sua importância e sucesso que fez nas paradas da Billboard e quantos milhões de CD's foram vendidos nesses quase 20 anos de história, Californication prima em outro aspecto não menos importante que todos esses. O vídeoclipe.




O CLIPE

O inicio dos anos 2000 foi marcado por dois consoles: Playstation, da Sony, e Nintendo 64, da Big N. Quando o videoclipe de Californication apareceu pela primeira vez no saudoso Disk MTV, muito de nós nem acreditávamos que estávamos diante de uma obra prima. Uma banda de rock inovando em um clipe e apresentando elementos e aspectos de um jogo de videogame, como isso é possível? E, sim, eles mostraram algo que, naquela época, dialogava com muitos jovenzinhos. Os gráficos de Californication se assemelhavam aos jogos desses dois consoles, e as aventuras vividas pelos integrantes da banda, era muito próxima a alguns games que muitos jogavam ou queriam jogar na época.



Segundo um levantamento feito em 2015 pela revista Cifras, Californication foi um dos videoclipes mais assistidos do YouTube de todos os tempos. Ele já foi visto por mais de 377 milhões de pessoas, isso é mais do que a população inteira dos Estados Unidos.



O JOGO

Tomando a forma de um game em terceira pessoa, cada membro da banda incorpora um personagem de um jogo de aventura. Detalhe para os momentos como Anthony nadando na Baía de São Francisco, Chad andando com uma prancha de snowboard em um dos fios principais da Golden Gate, em São Francisco, Flea atravessando o Parque Nacional da Sequoia, tentando salvar um urso de um caçador e andando de carrinho de mineração. Além de vários outros momentos que fizeram esse clipe se tornar um belo jogo de videogame que nunca viu a luz do sol.

Se naquela época parecia um pouco mais trabalhoso que agora publicar um jogo como o apresentado em Californication, hoje, com a tecnologia avançada e as mais varias plataformas que temos, o Red Hot Chili Peppers poderia finalmente atender o desejos dos fãs. Mesmo que fosse para Android ou disponibilizado para a Steam, PSN ou Live, precisava nem ser em mídia física, já faria a alegria de todos nós que AINDA estamos esperando esse jogo sair.




A cada show que eles fazem no Brasil, como aconteceu recentemente no Rock in Rio, a cada apresentação deles em grandes festivais ao redor do mundo, ou todas as vezes em que assistimos ao clipe de Californication, mesmo sabendo que a esperança é a última que morre, a unica pergunta que fica é:

Quando vai sair o game de Californication? Alô Anthony Kiedis, vamos viabilizar esse desejo ai? Vamos? Aniversário de 20 anos tá chegando que tal? Acha uma boa?




Fonte: Red Bull Games
Escrito por: Bruno Fonseca

Dave Mail 105: A história do Jazz Bass Shell Pink '61


Dave, eu estava me perguntando sobre aquela história que você mencionou, de como você ajudou o Flea a comprar o Fender Jazz Bass, e como era uma história maluca. Eu adoraria conhecê-la, você pode me contar?

Dave Lee: "É uma longa história.

Flea tinha, de alguma maneira, divulgado nas redes sociais que estava procurando por um Fender Jazz Bass velho. Logo depois, estávamos em turnê na Austrália. E um cara aparece na porta do backstage em um dos shows na Austrália com um case de guitarra. Ele diz que tem um Jazz Bass para o Flea. Eu não quero parecer cruel, mas o cara era meio "esquisito". De voz estranhamente suave. E "diferente". Mas ele era legal. Ele disse que tinha comprado esse Jazz Bass raro de 1961 de um vendedor de boa reputação em Seattle (um vendedor que eu conhecia). Ele me mostrou a documentação. Eu não lembro exatamente do preço, mas era bem caro. Acho que na casa dos 20 mil dólares. Eu pude dizer de cara que era original.

Eu disse, "Você voou até a Austrália para tentar vender um baixo pro Flea?" Ele disse "Não. Eu só quero trocá-lo por um dos baixos Modulus do Flea." Eu disse "Você sabia que Flea ganha esses baixos de graça, e que você pode comprar um por cerca de 1200 dólares?" Ele disse "Eu não ligo. Eu toco numa banda no estilo Gwar (sim, "Gwar") e esse baixo é o som errado. Eu quero um Modulus que tenha sido do Flea. Eu também sou muito rico. Eu comecei um website que vendi recentemente por milhões de dólares. Então a perda financeira não tem importância pra mim." E depois adicionou... "E você pode me dar passes para o backstage durante o resto desses shows na Austrália?... Já que estou aqui?"

Eu levei ele e o baixo até o camarim. Obviamente, Flea se apaixonou imediatamente pelo baixo. E embora o Flea tenha tido dúvidas sobre o negócio porque ele achava que o cara não estava se dando muito bem com aquilo, o cara insistiu. Então, o cara pegou um dos baixos Modulus e foi isso.

Ele nos seguiu pelo resto da parte australiana da turnê. Mas ficou na dele a maior parte do tempo. Essa é a história como eu me lembro."


Informativo:

Flea com a versão signature de seu Shell Pink '61.

Em meados de 2016, a Fender lançou um modelo signature de Flea inspirado em seu Jazz Bass Shell Pink 1961. Saiba mais, clicando aqui.


Pergunta por:
- Pedro Tavares - Maceió, AL - Brasil

Confira nossa entrevista com Dave Lee: Português | English

26 de setembro de 2017

Perguntas & Respostas - Janeiro de 1992


Este mês, Rockfile encontra John Frusciante, guitarrista da fabulosa e maravilhosa banda Red Hot Chili Peppers, baixando no lado mais cósmico da vida e arremessando-se em alguns contos estranhos de magia sexual. Você foi avisado!




Nome:
John Anthony Frusciante

Data de nascimento:
5 de março de 1970

Ocupações prévias:
Nenhuma

Faixa favorita do RHCP:
Eu não possuo nada, o universo possui (obviamente não entendeu a pergunta)

Primeiro disco que comprou:
Kiss - Alive

Item de vestuário favorito:
Chuva

Músico favorito:
Flea

Comida favorita:
Cigarros



Noite ideal:
Ouvindo Velvet Underground, deitado em meu sofá

Descreva seu quarto:
Estilo sótão, decorado com posters de Syd Barrett, Velvet Underground e David Bowie Ziggy Stardust.

Nome do livro que tem sido o mais significante em sua vida:
Sexus: The Rosy Crucifixion I de Henry Miller; qualquer coisa de Krishnamurti

Você faria cirurgia plástica?
Não

Melhores amigos:
Bill, Flea, Anthony, Randy

Pessoa que você mais despreza:
Eu não contaminaria esta página com seus nomes

Medos irracionais ou fobias:
Não são meus, são demônios invasores do meu espaço (mais uma vez, certa confusão sobre a pergunta)

Pior hábito:
Limpar o nariz em público

Maior erro da sua vida:
Eu aprendi com todos eles




Maior triunfo da sua vida até aqui:
Fazer o novo álbum, "BSSM"

Primeira experiência sexual:
Recebendo sexo oral de Rachel ouvindo "Taking Tiger Moutain By Strategy" de Brian Eno

Lugar mais estranho onde você já transou:
Em uma caverna com uma garota invisível na Costa Rica

Fetiche sexual:
Woody Allen

Lugar visitado em turnê mais interessante:
O céu cósmico vermelho que a energia da nossa música cria no palco

Você acredita em vida após a morte:
A única coisa que separa vida e morte na verdade são as palavras

Lema guia:
Nenhum

Último desejo e testamento:
Nenhum




Entrevista: Trish Jaega
Fonte: Rock Power - Janeiro de 1992


25 de setembro de 2017

Dave Mail 104: Ten years since the incredible journey


August 27, 2017, marks 10 years since the end of the Stadium Arcadium tour, and with the end of the tour, the end of a cycle. What's the main memory (or thought or feeling) that you think of when remembering those 12 years with the Red Hot Chili Peppers? Thank you for being a huge part of it!

Dave Lee: "Wow...? Good question.

There are so many things to remember, it's hard to nail one down. 
I feel blessed. And probably just plain lucky to have been in the right place, at the right time, to have landed that job with RHCP. It changed my life. In many ways.
 
It's always fun when someone asks who else I've worked for. When I mention RHCP they always light up. Almost nobody doesn't love those guys.

Just a couple of weeks ago, I was working a show with Maroon 5. And the bassist for the local support act had a Fender 'Flea signature jazz' bass.
I asked him about it. And he started to tell me about how much that bass meant to him. Then I was able to tell him about the part I played in Flea acquiring the original one, and the crazy story behind it. It was really fun to tell this guy that story.

I have to count my blessings. I've gotten to see things, do things, go places, meet people (heroes), and just experience things that I never dreamed I'd ever get to experience. 
It's been a good run. Lol."

Question by:
- Raphael Romanelli Andrade de Oliveira - Ilicínea, MG - Brazil

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Dave Mail 101: '58 Gretsch White Falcon


Besides the excellent information that you already told us, is there anything to add about the '58 Gretsch White Falcon?

Dave Lee: "The Falcon, as I said earlier, was purchased during the Californication sessions. There actually was a second '55 White Falcon we purchased for a backup. But I don't think he ever used it. We mostly used it for parts."

Question by:
- Raphael Romanelli Andrade de Oliveira - Ilicínea, MG - Brazil

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Dave Mail 103: Martin 0-15 vs Taylor 314ce


John Frusciante had two Martin 0-15 - both made between the 40's and the 50's. These acoustic guitars followed him in his solo shows and in the Chili Pepper's performances with acoustic parts, after the beginning of the By The Way tour. It looks like one of these, the one who appears on "Road Trippin" video, belonged to Anthony Kiedis.


Dave Lee: "One of those actually belonged to Rick Rubin. Not Anthony. The other one we bought from Norm's Rare Guitars."

During the recording of By The Way and in the beginning of the album tour, Frusciante used a Taylor 314ce from the 2000's as a request by Rick Rubin - even though he didn't like it. He said to Guitarist Magazine in 2003 that he preferred the Martins.

Dave Lee: "We bought it to use live because it had built in pickups. John never really liked it because it was new. One time he said, 'I play all these beautiful old electric guitars, why can't I play old acoustic ones?' So we put pickups in the Martins."

Questions by:
- Raphael Romanelli Andrade de Oliveira - Ilicínea, MG - Brazil

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Dave Mail 102: Frusciante's most expensive string instrument


There is an Enrique Garcia acoustic guitar from the 1910's in John Frusciante's instrument collection photographs taken in 2008 - which was unknown to the public, then. From what it seems, Frusciante used to practice classical acoustic guitar during the Stadium Arcadium tour.



Dave Lee: "John had put me on the lookout for a classical guitar. He said he wanted something really special, 'something Segovia would play'. We were on tour and rolling into Nashville. Our crew bus arrived around noon on a day off. The band was arriving later that night. I figured since I had time I'd go see if they had something 'special' at Gruhn guitars (Nashville's premier guitar store). And there was the Garcia. It was expensive. Very expensive. More so than any other guitar John had ever bought. So I called John on his cell phone and described it. John says 'I'll take it!'. So the accountant transferred the money to Gruhn. And I walked back to my hotel room. Later that night I brought it to John. He picked it up. Started playing it. And said 'Perfect! Exactly what I wanted.'"




Question by:
- Raphael Romanelli Andrade de Oliveira - Ilicínea, MG - Brazil

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Dave Mail 100: #1 and the despise for Fender's gift


As we already know, Anthony Kiedis gave John Frusciante the '62 Fender Sunburst Stratocaster when he went back to the Red Hot Chili Peppers. For almost the entire pre-Californication tour, Frusciante used this one guitar only - and even after he acquired the others, he kept it as his main guitar for all of his time with the band. What's the significance of this guitar to you?


Dave Lee: "That strat was the workhorse. And yes. I would call it the main one. Now, when John came back, the story of Anthony buying him a guitar and amp is true. All I know is, the very first shows we did with John back in the band was before Californication was recorded. And he only had the one guitar. Fender provided us with a new champagne Strat to use as a back up. But John refused to play it. I offered to make it look older. So I took it apart. And poured lighter fluid all over the body. Then proceeded to light it on fire in the alley behind SIR studios in Hollywood.



It actually turned out really cool looking, but he still wouldn't play it. So at those few shows before Californication when he needed me to tune him up he would just hand me his Strat, and after tuning I'd give it back. Flea said at those moments in the show he would "cause a diversion" to distract the audience, while I tuned John's guitar. One time, I remember the "diversion" was Flea doing a little dance with Clara who was like 6 at the time. Strange system, but it worked. That burned strat was hanging in Flea's home studio in Malibu last time I saw it.


Question by:
- Raphael Romanelli Andrade de Oliveira - Ilicínea, MG - Brazil

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Dave Mail 99: '61 Fiesta Red Stratocaster


Dave, can you tell me about the '61 Fender Fiesta Red Stratocaster? From what I know, John Frusciante got it from a brazilian guy at the Guitar Center in LA, along with a VOX AC30 and the Olympic White Stratocaster, also from 1961, in 2004.

Dave Lee: "Red Strat. Very rare guitar. Original factory paint. But has another color underneath. Fender factory said that to do one color over with another color did sometimes happen during the early days at Fender. And this guitar is an example of that."

Question by:
- Raphael Romanelli Andrade de Oliveira - Ilicínea, MG - Brazil

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Dave Mail 98: The Gibson SG mystery and the purchase of the '69 Les Paul Custom


John Frusciante had a Gibson SG Custom in Cherry Red from 1961 and, what it seems like, a Gibson SG in Sunburst which was used in Still's shows (a tribute band to Joy Division with Josh Klinghoffer and Flea) in october 2000. Can you tell me more about them and about which one was used for overdubs in "Otherside" - since the Cherry Red was only seen being used by him to play "Fortune Faded", at the end of the Californication tour in 2001?

Dave Lee: "I don't remember a sunburst SG. The "Cherry Red" one was more brownish. And yes, he did use it for overdubs. That guitar was what led him to get the Les Paul. That SG has an old factory tremolo that was a nightmare. So, it wasnt very practical for touring. That's what inspired him to get the black Les Paul."

Question by:
- Raphael Romanelli Andrade de Oliveira - Ilicínea, MG - Brazil

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Dave Mail 97: '62 Fiesta Red Jaguar


Fender Jaguars (especially vintage ones) are known to have very difficult bridges and they are hard to set up. What did you do to John's Fiesta Red Jaguar to keep it in shape on the road?


Dave Lee: "Nothing. Lol. They are very difficult. And that's one of the reasons he didn't use them live very much. "

I remember it was used on very few rare live occasions, like during the Californication tour with the Red Hot Chili Peppers in "Around the World", and later with Ataxia and in a solo show with Josh Klinghoffer.

Dave Lee: "We tried to use it on "Around the World" live (Woodstock 99), but it was too thin sounding for anything but the verses."


Questions by:
- Raphael Romanelli Andrade de Oliveira - Ilicínea, MG - Brazil
- Teun Putker - Zutphen - Netherlands

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Dave Mail 96: Dave Lee - favourite Chili Peppers' albums


Do you have any favourite RHCP or John Frusciante album?

Dave Lee: "This will surprise a lot of people. But my favorite Peppers album is probably One Hot Minute. I really like every song. But [Stadium] Arcadium is a close second. And my favorite Peppers song, "Soul to Squeeze" is not on a Peppers album.

Actually, after giving it a little more consideration, Blood Sugar [Sex Magik] is really great too. I would say I probably like it as much as Stadium [Arcadium].

Question by:
- Pedro Tavares - Maceió, AL - Brazil

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Dave Mail 95: Backstage rig with the Chili Peppers


It is known that John Frusciante carried his guitar with him almost most of the time while on tour. What did his backstage practice rig consisted of?

Dave Lee: "John didn't really have a backstage practice rig. There was a period where we set up a warm up room, but only Chad used it. So we stopped setting up the amps. He usually  Just warmed up not plugged in."


Question by:
- Daniel Rodriguez - San José - Costa Rica

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Dave Mail 94: Stratocasters - neck and tremolo bridge


Was the tremolo bridge on John's Stratocasters floating or pressed tight to the body? Or any other option?

Dave Lee: "The tremolo was set up with about 1/16th of an inch up in the back (leaning toward the neck). So he could pull up a little bit if he wanted."

Was the '62 Fender Stratocaster's - or any other one - neck ever replaced? A lot of the time these vintage guitars need repairing, especially when they're used every night at different types of climates around the world.

Dave Lee: "I don't think so. The only neck we ever replaced that I remember was the fretless (glass fingerboard) neck we put on an early 60's hardtail Strat that I don't think we ever took on the road."

Question by:
- Raphael Romanelli Andrade de Oliveira - Ilicínea, MG - Brazil
- Vadym - Odessa - Ukraine

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Dave Mail 93: The Martin D-28 and John Lennon's closet


Dave, can you tell me more about the '65 Martin D-28?

Dave Lee: "He wanted the D-28 because John Lennon was fond of them. We had done a couple of sessions with Sean Lennon. Sean was a big fan of John's solo work. Nice kid, Sean. At one session Sean pulled out this little electric keyboard. And said... 'Check this out. I found it in my dad's closet.' John and I kind of quietly looked at each other. I could tell we were thinking the same thing. 'What I could find in John Lennon's closet?'"


Question by:
- Raphael Romanelli Andrade de Oliveira - Ilicínea, MG - Brazil

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Dave Mail 92: The use of Levy's straps by John Frusciante

Do you know why did John use only Levy's straps? And so why did he prefer them?

Dave Lee: "Yes, there was a reason. The shiny nylon of those straps were more comfortable on his shoulder. He moves around a lot when he plays, and the shiny nylon doesn't get hung up on his shirts. It slides easier. And Levy's makes a very good quality strap."


Question by:
- Will Galluccio - Contrada, Avellino - Italy

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Dave Mail 91: The spirituality of John Frusciante


Everybody knows that John Frusciante is a spiritual person, and it's something that we can see reflected in his music. But how is he with you and his friends? Is it something that you can see clearly? Or does he leave his spiritual side for himself?

Dave Lee: "He is a very spiritual person. It is evident in his daily routines.  But although he doesn't really run around talking about it, he's also not afraid to talk about it if he's asked. He's just who he is. He doesn't try to hide anything."


Question by:
- Mauro Gongora - Rio Gallegos, Santa Cruz - Argentina

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Dave Mail 90: Boss DS-2 - Frusciante and Navarro


We know that the DS-2, since the late 80's, when John first joined the band, was used by all guitarists that passed through the Red Hot Chili Peppers (Arik, Dave Navarro and Josh). Dave Navarro used it by influence of John Frusciante? How did he use it? Was it the main drive or he shared it with the JCM 900 drives?

Dave Lee: "Dave Navarro really wasn't much influenced by John. At least it didn't seem that way to me. I remember him once saying that he doesn't much like funk music. He's really his own guy. I think he was more influenced by 80's metal. I remember he could play about any Iron Maiden song in their catalog."

Question by:
- Lucas Carvalho - Vitoria, ES - Brazil

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Breve História - Maio de 2000


A piração começou no primeiro dia de aula da FairFax School, em Hollywood, Los Angeles (EUA), nos finais da década de 70. Folgado, recém-chegado e Michigan, onde saiu para morar com o pai, e aspirante a ator, um tal de Anthony Kiedis, intimou um australianinho baixinho não menos folgado, Michael Balzary, a largar o pescoço do seu melhor amigo. Balzary, Flea para os manos, não titubetou: solte a pobre vitima mediante as ameaças o garoto fortinho. Em vez de sairem na porrada, Flea e Anthony trocaram ideias e descobriram que tinham muito em comum: ambos vinham da California, tinham pais separados, o gosto por acampamentos, a vontade de pertencer ao mundo artístico e um grande amigo, o israelense Hillel Slovak, que já tocava guitarra e alucinava ouvindo Hendrix e Kiss. Com o tempo os três tornaram-se grandes amigos e tiveram suas primeiras experiencias importantes juntos - a primeira vez que usaram certas drogas, a primeira vez que ouviram Gang of Four e Echoo & The Bunnymen, a primeira vez que viram uma obra de Jean-Michaek Basquiat, a primeira transa. Slovak conseguiu enfiar o rock na cabeça do Flea que, antes, só se ligava em Jazz, muito por causa de seu padastro, um jazzista que fazia altas jam sessions em casa. Não precisou muito para o guitarrista convencer Flea a trocar o trompete que ele dominava muito bem, pelo baixo elétrico. Junto com o baterista Jack Irons, Slovak convidou o baixista para tocar numa banda de HardCore, chamada Fear. Flea foi e curtiu, Às vezes, Anthony aparecia nos ensaios e recitava poesias que escrevia. Nessas, decidiram que ele seria uma especie de mestre de cerimonias do fear, abrindo shows com seus poemas.

Em 1980, Flea, Kiedis e Slovak terminaram o ginasio, Kiedis foi estudar na Universidade da Califórnia, enquanto Slovak se dedicava cada vez mais a sua guitarra e Flea, misturando seu gosto por jazz ao interesse por Funk Soul, começava a sacar a pegada dos baixistas de musica negra. Em 83, com o Fear no bagaço, Flea chamou novamente Jack Irons e Hillel e batizou o trio inspirado no nome do trumpetista e idolo do baixista, Louis Armstrong, dera a seu quinteto no inicio dos anos 20: THE RED HOT CHILI PEPPERS. Fizeram alguns shows como trio e, numa dessas noites, Anthony subiu ao palco no meio da sonzera e recitou um texto que havia escrito a pouco, intitulado Out Of L.A. A plateia gostou e o dono do lugar pediu que a banda voltasse mais vezes. Como quarteto, começaram a tocar na cena subterrânea da cidade dos anjos e começaram a ser conhecidos também. Tempos depois, num show em um inferninho de strip-tease chamado Kit Kat Club, Kiedis teve a ideia que se tornaria a marca registrada da banda. Na hora do Bis, o vocalista sugeriu que eles tirassem a roupa e voltassem ao palco trajando meias cobrindo seus bingulins, só assim poderiam chamar mais atenção que as garotas gostosas que dançam nuas no mesmo espaço. Não deu outra: pisaram no palco quase pelados, pulando pra lá e pra cá com as meias cobrindo seus pintos e o povo adorou. Daí pra frente, as performances dos Chili Peppers seriam sempre marcadas por algum tipo de sacanagem. Isso fez que a banda ficasse mais conhecida no cirtcuito underground de Los Angeles. Sem entender bem qual era a de Kiedis e Flea, Irons e Slovak saíram para tentar estourar com um grupo chamado What Is This?. Só tentaram. Quase um ano depois de inventarem a moda meia na caceta, vocalista e baixista assinaram com uma grande gravadora, convocaram o guitarrista Jack Sherman e o Baterista Cliff Martinez, e gravaram o primeiro disco. Intitulado simplesmente The Red Hot Chili Peppers (84), o álbum foi produzido por um dos heróis da banda, o guitarrista Andy Gill, do grupo inglês Gang of Four. Mas Gill não sacou a levada dos peppers e tentou fazer um disco comercial. Resultado: "The Red Hot.." passou quase batido pelos criticos, que o consideraram muito cru e confuso, e as vendas deixaram a desejar. Mas os agora os californianos não estavam nem aí. Continuaram a tocar o caralho nos shows a atrair cada vez mais público. Slovak e Irons voltaram atrás e pediram pra voltar a tocar com os caras. Ainda na mesma gravadora, se trancaram em estúdio com outro de seus heróis, o mestre dos magos do p-funk, George Clinton, mentor groove espiritual de um dos maiores grupos de som negro da historia, o Paliament e o Funkadelic, entre os prediletos dos rapazes, No comando da produção, Clinton, maluco das antigas, entrou na onda da banda e destacou ainda mais seu lado funk. Ligado no rock desde que ouviu Hendrix pela primeira vez, o produtor estava em casa: soube dosar em, exatas medidas as doideras roqueiras com as rimas do rap - que ainda só era coisa de negão - e o funk, que comia solto. Em 1985, chegou às lojas Freaky Styley. Em uma escutada é fácil perceber a evolução musical que rolou entre o primeiro e o segundo trabalho, Flea arrepiava no baixão, Slovak ora distorcia os acordes como um Hendrix bêbado de cândida, ora limpava os sons e caprichava nas palhetadas afinadas feito um Catfish Collins, guitarrista de ajudou o reverendo James Brown em seu caminho para o estrelato. Shows lotados, performances endomidas e as - agora notórias - meias nos bingulins faziam a alegria do quarteto, que se armou direitinho para o álbum seguinte.

O terceiro disco do Red Hot Chili Peppers, The Uplift Mofo Party Plan (87), produzido por Michael Beinhorn (Soundgarden, Aerosmith, e Hole), veio rasgando, como navalha na seda, e, pela primeira vez, levou os Peppers as paradas. Tudo bem eles entraram em 148° lugar na lista dos mais tocados e vendidos, mas entraram. Décadas mais tarde, a ser chamado de funk-o-metal, os Peppers reviveram e deram nova cara ao estilo, com o baixão sempre botando pra fuder e a guitarra gritando de tanto apanhar nas mãos de Slovak. Kiedis fazia raps como um Flavor Flav alemão, rimando sacanagem com molecagem, Califórnia com esbórnia e baixaria com putaria. Em SPECIAL SECRET SONG INSIDE, ele avisa: "eu quero fazer uma festa na sua buceta". Nessa época, Hillel e Anthony se afundaram na heroína, a droga dos gênios jazzistas. Somente quando o guitarrista teve uma overdose, quase indo desta para uma melhor, eles decidiram que era a hora de largar a mão. Após uma cansativa turnê pela europa, em 88, os quatro deram um tempo e se separam por alguns meses para cuidar de suas vidas. Longe dos manos, Slovak entrou em depressão e recorreu novamente a heroína. Só que desta vez, a dose foi fatal. Slovak morreu de overdose em junho daquele ano. Kiedis e Flea ficaram arrasados, sentindo-se culpado por deixar o amigo sozinho, Anthony seguiu para um retiro no México decidido a exorcizar de vez seus vício. Vendo a casa cair e sem querer ser o último a sair para apagar a luz, Jack Irons anunciou sua saída e Flea ficou sem saber o que fazer, curtindo, na medida do possível, o nascimento de sua filha, Clara, e sua carreira cinematográfica. Na volta, Anthony chamou o amigo e, juntos, resolveram apertar o botão do já era e seguir com a banda.

Mal eles resolveram voltar a ativa, um moleque fanático pelo RHCP e, sobretudo, por Hillel Slovak, colou forte. Aos 18 anos, o guitarrista novaiorquino Jonh Frusciante não era o Robin, mas era um menino prodigio. Tocava muito e, para a surpresa dos Peppers restantes, sabia cada acorde, cada solo, cada variação que Slovak registrava em seus trabalhos com a banda. Faltava agora um batera de responsa para substituir Irons. Fizeram uma audição com mais de 30 pretendentes. Quando o último foi embora e o trio já estava desistindo da coisa, um grandalhão com visual Hell´s Angel passou pela porta, se apresentou e, sem tirar os oculos escuro e a bandana, sentou no banquinho da bateria. Flea chamou um som, Frusciante foi atras e o grandão tocou como nunca, debulhando a batera, casando perfeitamente seu estilo com o baixo de Flea. Ao final da sessão, Kiedis, só para tirar uma avisou: "Você só entra na banda se raspar essa cabeleira". O batera, Chad Smith, não raspou o cabelo, mas nunca mais os Peppers precisaram testar outros músicos para a posição. Tudo certo, contrato com a gravadora em dia, eles se reuniram, compuseram, arranjaram e gravaram seu primeiro disco de ouro, Mother´s Milk (89). Renovado, o Chili Peppers estava, mais uma vez pronto para reclamar seu lugar na musica jovem, pop, rock, funk, ou seja lá qual for o tipo de som. Alem de todo o àlbum ser dedicado a Slovak, a banda ainda compôs a emocionante Knock Me Down, em memoria ao guitarrista. A turnê de "Mothers.." foi um sucesso, as vendas também. Ninguém havia morrido ou saído do grupo. do 148° lugar na Billboard com "The Uplift..." , eles pularam para 52° lugar. Nesse clima, isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais, os quatro, prestes a serem reconhecidos como a formação clássica dos Red Hot Chili Peppers, escolheram o barbudo Rick Rubin, odiado por muitos, amado por muitos outros, para produzir o que viria ser o graaaande disco da banda.

Em vez de bancar horas e mais horas em algum hiper-mega estúdio em L.A., eles escolheram uma velha mansão nas colinas californianas, com fama de mal-assombrada. Em vez de usar a última tecnologia em gravação, Rubin mandou buscar velhos amplificadores valvulados, mesas de som empoeiradas e todo o tipo de velharia apta para captar a atmosfera da casa, das gravações e da banda. Bingo! Blood Sugar Sex Magik foi lançado em 91 e trouxe o primeiro grande sucesso comercial da banda: a balada Under The bridge. Baseado em sua experiencia com heroína, Kiedis escreveu essa letra e a escondeu em seu caderno de anotações, considerando-a sentimental demais. Rubin leu, vislumbrou cifrões e mais cifrões e pediu que ele a mostrasse aos companheiros. Imediatamente, eles pegaram seus instrumentos e começaram a fazer o som. Com os clipes de Under the Bridge, Breaking teh Girl e Give it Away sendo repetidos incansavelmente pela MTV e as mesmas músicas rolando toda hora na radio, não teve jeito. "Blood.." vendeu mais de 2 milhões de cópias nos EUA. Finalmente, muita grana, fama no mundo todo e tudo que o mega sucesso traz. Incluindo a insatisfação de um dos integrantes. Talvez ainda muito jovem pra aguentar as turnês pelo mundo, entrevistas e loucuras, muita loucuras em forma de sexo e heroína, o menino John anunciou sua saída em 92. Entregue ao destino, Frusciante se exilou do mundo e tornou-se um viciado por opção. Puto da vida com o ex-colega, Kiedis não quis saber de choradeira e logo achou substitutos pouco brilhantes para Robin. Entre eles, um amigo de Flea, o não tão genial Eric "the frak" Marchal, que tocou com a banda no Brasil em 93. Em 94, vestidos como o Lampadinha, mascote do professor Pardal da Disney, estrearam no festival de Woodstock com seu novo guitarrista: o todo pose Dave Navarro, ex-Jane´s Addiction. Rapidamente sua influencia sobre a banda pôde ser sentida. Em One Hot Minute (95), Sons como Warped lembram demais Jane´s - Uma queda do nivel de originalidade dos Peppers. Navarro pareceu dominar a área acentuar o clima gay do RHCP, que sempre existiu. Sobretudo por conta da bitoca que dá na boca de Kiedis no clipe desse som. "One.." não surtiu o mesmo efeito que "Blood.." mas valeu. Especialmente porque a participação de Navarro durou pouco.

Em abril de 98, para felicidade de muitos fãs, Navarro saltou fora do barco alegando incompatibilidade criativa. Depois de deixar a banda, declarou que se sentiu ridículo em vestir as lâmpadas em Woodstock e que se demitiu porque não conseguia fazer caretas. O fulano era estrela demais para uma banda que nunca se preocupou em destacar aquele integrante. Como se não bastasse, Anthony Kiedis e Chad Smith sofreram acidentes com suas Harley Davidson em Los Angeles. Kiedis havia voltado a heroína, embutiu a moto na caranga de uma velhinha, fraturando os punhos e Smith chapuletou o ombro depois de tentar desviar de um carro em freada brusca. Longe da cena após sua saída do RHCP, Jonh Frusciante havia se enfiado na jaca até o pescoço. Depois de lançar dois discos solos tão legais quanto estranhos -NIANDRA LADES & USUALLY JUST A T-SHIT (95) (dedicado a Clara Balzary) e SMILE FROM THE STREETS YOU HOLD (97) mas sem nenhuma repercussão - nem os Peppers ouviram!, ele decidiu que iria acabar com a vida de qualquer jeito. Injetava heroína, cocaína, fumava crack, tomava valium, bebia vinho todos os dias e nem chegava perto da guitarra. Quando Flea disse para Anthony que Frusciante deveria voltar, Kiedis, ainda corroído pelas brigas de anos antes, recusou a ideia. Mas foi só o baixista dizer a frase magica " a volta dele é a unica coisa que nós pode manter vivos e juntos ", para o vocalista se ligar que estava num mato sem cachorro.

Encontrado num chalé de Los Angeles sem os dentes, os cabelos caindo , as unhas podres, quase sem voz e envelhecido uns 30 anos em apenas 4, Frusciante decidiu se internar para salvar sua vida, Para celebrar a volta do filho prodígio, o Chili Peppers chamou mais uma vez Rick Rubin e fez Californication (99).

Não o melhor mas o mais inspirado e melódico disco da sua carreira. Recheado de baladas em que Kiedis desliza sua voz limitada e com Frusciante provando ser um dos guitarristas mais expressivos desde que apareceu, o álbum é a visão musical de uma banda madura que não é mais o grupo da vez. Quando se fala em RHCP não se pensa mais nos termos "moda" ou "sucesso". No Brasil, em 99, subiram ao palco concentradíssimos na musica que faziam, quase sem ligar para as reações do publico. Horas antes a entrevista exclusiva a Revista Rock e "a 89 - A radio rock" Flea exibiu discretamente seus dotes - sem meia! - Frusciante desceu o pau na pose de ex-drogados do Aerosmith e Kiedis alertou Smith que os repórteres iriam peguntar sobre as relações da banda com o homossexualismo. O baterista responde com um grande e generoso beijo na bochecha do companheiro. Se outros revezes podem entrar no caminho, ninguém sabe. A certeza é que, por enquanto, ele ganham, e feio, a batalha contra o fim, lutando como bravos moleques californianos que se tornaram.


Fonte: Revista 89 Rock (Brasil) - Maio de 2000.

John Frusciante no Hollywood Bowl - 24 de setembro de 2017


Na noite deste domingo, John Frusciante e Marcia Pinna estavam no Hollywood Bowl para assistir o show da cantora Solange Knowles junto a banda Blood Orange. O fã Aye-ron Yeadrow encontrou o casal no final do show e se conteve em somente agradecer Frusciante por ser sua inspiração no caminho da música.

Agradecimento: Aye-ron Yeadrow

22 de setembro de 2017

A volta do filho pródigo - Inicio de 1999



Você acabou de voltar a tocar em shows. Como tem sido?
A turnê está sendo ótima. A cada noite tenho tocado algo diferente. Gosto principalmente do fato de que no palco nos escutamos e tiramos coisas das performances de cada um. Uma banda com uma química boa é a que sabe apreciar cada músico. É ótimo porque apreciamos o fato de que nós temos uma química que nunca alcançaremos com outros músicos. Tocamos o melhor que podemos quando tocamos juntos. Somos os quatros músicos ideais para tocar junto, quer dizer, éramos antes (antes de Frusciante sair em 1992), mas não dávamos o valor suficiente para isso.




Dave Navarro era um guitarrista ótimo, mas não parecia ser o melhor para o Chili Peppers.
Com certeza. A química dele era com o Jane’s Addiction, porque foi onde ele aprendeu a tocar. Ele entrou no Jane’s Addiction quando ele tinha 17 anos, e o estilo dele era baseado em como o Steven tocava bateria e o Eric tocava baixo, e o jeito que o Perry cantava. Ele desenvolveu o estilo de guitarra adaptando-se em torno disso. Eu entrei no Chili Peppers quando tinha 18, e desenvolvi meu estilo, adaptando-me em ser o melhor guitarrista que poderia, para tocar com o Flea. Para que pudéssemos criar músicas que o Anthony pudesse cantar.


Não apenas seu estilo de tocar é perfeito para o Chili Peppers, mas o tom da sua guitarra se adapta muito bem ao baixo do Flea. Você trabalha muito para ter um som particular?
Na verdade não. É só o tipo de som que eu gosto de atingir. Não tento fazer o som de guitarra heavy metal dos nos 80.  Tento uma abordagem mais simples para o som que quero atingir. Não é só o som perfeito para o baixo do Flea, mas a bateria também tem um certo tipo de som quando a guitarra ocupa menos espaço na sua frequência. Muita gente tenta fazer sons de guitarras estrondosos, e o resultado é que a bateria soa menos. Quanto mais limpo o som da guitarra e quanto mais espaço tiver nas partes da guitarra, mais você escutará o som da bateria, que para mim é uma das melhores partes de uma banda.


Parece que dá para ouvir quase tudo que está acontecendo em cada canção.
Sim, isso tem muito a ver com a forma como compomos as músicas. Cada um vem com a sua parte. Inclusive, hoje me ocorreu que quando compomos as músicas, é como se construíssemos uma casa. O Chad, por exemplo, poderia decidir os perímetros, sabe, quão grande será a casa, e que área da casa o chão vai cobrir. E depois outra pessoa colocará a parede, e outra colocará o telhado, e outra pessoa fará com que o interior da casa seja de determinada forma. E é assim que nossas músicas se formam, com cada pessoa fazendo sua parte para criar o total. Improvisamos bastante, o que já nos separa de uma boa parte das bandas, acho, especialmente se o estilo delas não as conduz ao improviso. Nós improvisamos e somos muito bons nisso. Toda vez que ensaiamos, gravamos pelo menos cinco jams diferentes que poderiam ser ótimas músicas. Normalmente é só o que a gente faz: improvisar, improvisar, e improvisar mais; daí o Anthony começa a dançar durante uma das jams e fala que essa tem que virar uma música, e  aí pensamos como deveria ser a próxima parte. Compor música é muito natural. Não é nada difícil. Como disse, a gente improvisa e a música surge daí. Na verdade a gente faz muito mais música do que deveria para um álbum. Então geralmente a gente deixa pro Anthony decidir quais devem ser terminadas.


Você acha difícil decidir quais músicas devem ser terminadas e quais não devem?
Na verdade não. Tem músicas muito boas que acabam não entrando no disco, mas vocês da Austrália vão ter três músicas a mais que as pessoas de outros países. Tem alguma coisa a ver com impostos – eu acho que vocês se ferram por causa de impostos. Então essas três músicas são extras que finalizamos, mas também temos outras que são muito boas – duas em particular, que o Anthony tem que terminar a letra. A única razão pela qual ele ainda não terminou é porque ele e o Rick (Rubin, o produtor) mostraram para mim e para o Flea uma lista com seis músicas e perguntaram quais eram as mais importantes para nós. Aí nós escolhemos três delas e ele terminou de escrevê-las. Mas as outras três...ainda estão no limbo, sabe. Mas ele vai terminar em algum momento. As músicas que compomos são muito estranhas. Não são como as de ninguém mais. A maioria das pessoas compõe a música, colocam progressões musicais, e talvez um riff, e por aí vai. Mas a nossa...essas cores múltiplas que cada um coloca no instrumento, elas são totalmente independentes das outras partes. A guitarra e o baixo só se relacionam no sentido do sentimento, mas não fazem a mesma coisa, apenas se tecem entre si. Sinto que o senso de ritmo do Flea vem do trompete que ele aprendeu a tocar primeiro, e o jazz foi a música que fez com que ele quisesse ser músico. Mas ainda que ele nunca tenha conscientemente tentado colocar esse conhecimento no baixo, ele só experimentou tocar funk e punk rock e por aí, ainda aparece na música que ele faz. Os tipos de ritmos e melodias que ele toca no baixo – a única pessoa que soou tão enraizado no jazz como o Flea, que atraia uma audiência de rock, foi Jack Bruce, que é meu baixista favorito.




Qual é sua abordagem para melhorar suas habilidades como guitarrista?
Eu pratico o tempo todo, e sei teoria, na verdade penso em música desse jeito, porque penso em música de todas as formas em que posso. Tipo, se estou fazendo a parte do backing vocal de uma música, sei qual o intervalo estou cantando e sei como ele se relaciona com os acordes da canção. Acredito que quando se faz música, você joga com a matéria da qual o infinito é feito. Entender a teoria dos acordes e dos intervalos e das notas e de como a música é composta em um papel podem tornar o uso desses elementos com o infinito maior. Por outro lado, conhecimento tecnológico pode fazer também o entendimento da relação da música com o infinito menor. Para mim faz crescer, mas houve um tempo na minha vida em que fazia com que fosse menor, e quando percebi esse efeito, me esqueci de tudo. Esqueci até que eu sabia ler música, esqueci que um dia soube o nome das notas. E foi quando eu percebi que estava surgindo meu estilo próprio de compor e de tocar guitarra. Então, quando já tinha meu estilo, voltei a pensar nessas coisas, e sinto que fez meu estilo ficar mais mágico. E só fez com que a perspectiva do meu entendimento de como a música é infinita, mais profundo. Quando escuto música, é incrível para mim como há tantas combinações de cores e sons. É realmente ilimitado.


A escolha do equipamento afeta a maneira que você toca?
Com certeza. Eu toco em resposta ao tipo de instrumento que estou usando. Toco de forma diferente em cada guitarra. No disco (Californication) usei mais a Fender Stratocaster de 1956 ou 55’ ou algo assim. Tem um braço maple e é uma guitarra muito boa. Na verdade, quando comprei, um especialista em guitarras que estava comigo insistiu para que os pickups fossem originais, e o pessoal da loja pensou que eram originais, mas depois que terminei de gravar o disco, levei para o cara que arruma os trastes das minhas guitarras e ele disse que os pickups eram Seymour Duncan e que tinham sido feitos para parecerem os originais.  Mas a guitarra soou bem, e foi a que usei na base da maioria. Em algumas músicas usei a Falcon de 1955 que tinha cordas de diâmetro 0.12. Normalmente uso 0.10, mas essa guitarra estava com 0.12. Tem um cara, Rick Wilson, que foi guitarrista do B-52. Ele era um dos meus guitarristas favoritos; embora ele esteja morto agora, ele usava cordas muito finas e ele só usava quatro cordas (as cordas D e G foram removidas). Aí ele inventava essas partes de guitarras que seguiam em duas direções de uma vez, o que era um estilo muito legal e me inspirou muito. Enfim, eu comprei essa guitarra porque é a guitarra com a aparência mais legal que já vi, e gradualmente estou encontrando meu jeito de tocar nela que encaixe com o jeito que o Flea toca. Usei na música 'Californication' e também na 'The Otherside'. Mas definitivamente a melhor maneira para mim de tocar com o Flea é com uma guitarra com 0.10, mas é divertido tentar surgir com um estilo que tem tanto movimento e cores quanto com uma guitarra com cordas 0.12. É muito diferente, porque você não pode fazer o vibrato da maneira que faz na guitarra com 0.10, mas é divertido. Quando você usa 0.12 ou mais, começa a soar como surf music, sabe, Dick Dale e por aí. As notas não soam quase nada, 0.11 são legais – na verdade é o que estou usando nessa guitarra que estou segurando agora, que é uma Fender Mustang que comprei para praticar no meu quarto. Não uso tanto efeitos. Uso um Fuzz Tone, um pedal distortion, um pedal wah wah, e um pedal chorus. No palco consigo fazer vários tipos de sons só com esses quatro itens. Na maioria das vezes eu toco com um tom limpo; é raro eu ligar o pedal distortion – só se eu for fazer um solo, e solar não é uma parte tão importante do meu estilo. A parte mais importante é tocar com textura e com cores diferentes.


Como você pratica?
O que faço é tocar junto com os discos. Minha audição é muito boa, ao ponto de que sei como tocar a parte de guitarra de um álbum sem ter que colocar muita energia em compreendê-la. Se eu escutei suficientemente, eu simplesmente sei como tocar. Eu na maioria das vezes toco junto porque aprofunda meu senso de todas as diferentes cores que posso extrair quando faço música – e todos os dias eu me inspiro por algum grupo novo de músicos. Por exemplo, agora estou pensando em Pete Townshend, há uma semana pensava em Queen, e uma semana antes disso era Eddie Van Halen e assim por diante.





Tem alguém que te inspira constantemente?
Sim, Jimmy Page e Eric Clapton no Cream e Jimi Hendrix. Acho que eles são os melhores guitarristas. Mas eu escuto uma grande variedade de música, tipo, sou muito fã de David Bowie, amo Black Sabbath e Captain Beefheart... tem muita gente mesmo. Amo Butthole Surfers, Cure, Bob Marley, Joy Division...tem pouca música boa que eu não gosto. Nesse momento, tenho ouvido muito John Coltrane e a música que ele fazia nos anos 60, época em que ele entrou numa viagem espiritual.


Como foi a gravação do disco?
Eu não toquei muito a guitarra nos últimos anos, então minhas mãos estavam um pouco fracas. Elas não ficaram extremamente fortes até mais sou menos o fim das gravações. Eu tinha o punho direito bem forte desde o começo, e isso era legal porque era tipo os guitarristas de punk rock – eles tem o punho direito incrivelmente forte por fazer downpicking rápido. Então isso teve um efeito no meu jeito de tocar guitarra durante a gravação. O que foi ótimo porque eu queria aproximar meu jeito de tocar guitarra de um ponto de vista que não fosse de um músico, porque esse é o jeito de tocar guitarra que nunca termina como às vezes acontece se você foca muito no aspecto da técnica. Mas trabalhei duro nas gravações desse álbum. Eu tocava guitarra constantemente enquanto escrevíamos, e enquanto gravávamos, eu ia para casa e tocava por cinco horas depois de uma sessão de gravação de dez horas.


Você tem uma música favorita do Californication?

Ah…Sim…'Right On Time'. Gosto muito dessa porque combina o período de transição em que eu parei de gostar de disco e comecei a gostar de punk. Essa música para mim soa como os dois estilos de música, mas de uma maneira legal e moderna. Quer dizer, não vai lembrar especificamente ninguém do punk ou disco, mas tem a vibe dos dois.


Muitas das canções parecem feitas na medida para tocar quando você esta em turnê.
É curioso você falar isso agora porque o jeito que estou tocando (na turnê) é muito diferente do jeito que toquei no disco. Agora o jeito que toco é mais extravagante e orientado pelo solo. Tenho me mostrado mais. Mas quando fizemos o álbum, não tocava assim nem um pouco. Quando digo extravagante, é extravagante no estilo de Jimmy Page e Pete Townsend do que Jeff Beck. Quer dizer, Jeff Beck sempre foi uma grande inspiração para mim desde que eu era criança, mas em relação ao desenvolvimento do meu estilo, diria que não tem quase nada de parecido com o estilo dele. Antes de gravar, Rick Rubin falava ‘vamos colocar um solo aí’ ou ‘que tal um solo nessa parte’ e eu respondia ‘não quero fazer solos – isso não combina com o que estou tentando fazer nesse disco’. Mas agora, depois da gravação, meus dedos ficaram muito fortes e eu amo fazer solo. Tenho tocado bem diferente ao vivo do que está no disco, o que é divertido. Vamos tocar a maior parte do verão (hemisfério norte) e acho que viremos para Austrália em janeiro do ano que vem.




Tradução: Paula Buckvieser
Fonte: Guitar Magazine (Austrália) - Inicio de 1999
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